A LENDA DO CARAMURU E DA INDIA MOEMA
A LENDA EU VI... A... ANA DO CASTELO
Tomei a liberdade em publicar novamente esta lenda, apenas para mostrar ao leitor como nossas lendas e causos mudam de personagens ao se veicularem de boca em boca. Numa publicação anterior a essa eu citei a cena da índia Moema engolida pelo mar, acompanhando a caravela de Gaspar de Lemos, por quem se apaixonou, quando na verdade sua paixão foi por seu cunhado” Diogo Alves o Caramuru” cujo memorial em sua homenagem se encontra em sua terra natal, Viana do Castelo, Portugal.
Assim conta a lenda:
Após visitar Santiago de Compostellla, dirigimos para Viana do castelo a terra natal do lendário “Caramuru” Diogo Alves Correia um dos fundadores de Salvador, a primeira capital brasileira. Casado com a índia Paraguaçu, e apaixonado pela cunhada Moema, filhas do cacique Taparica.
Conta uma das muitas lendas locais que o nome da cidade em questão deve-se a uma "estória" sobre uma linda moça chamada Ana que vivia no território que atualmente integra a cidade, mais precisamente num castelo feito de pedra. Este era um castelo grande, famoso e admirado por muita gente, que por este costumava passar para observá-lo ao passar por ele, algumas pessoas começaram a reparar que uma princesa por vezes aparecia numa das janelas do castelo; uma linda moça de cabelos louros e longos, com duas tranças, faces rosadas e olhos claros -, a princesa Ana. Contudo, ela era extremamente tímida, razão pela qual ela escondia-se do olhar das pessoas que passavam para contemplar o castelo. Um dia esta princesa apaixonou-se por um rapaz que vivia no outro lado do rio, o qual também gostava muito dela. Ele ficava tão contente por vê-la que - sempre que voltava à outra margem - dizia contente: “VI A ANA! VI A ANA DO CASTELO!”. Ele repetiu-o tantas vezes que passaram a chamar “Viana do Castelo” à cidade onde a princesa morava.
Situada na foz do rio Lima Viana é uma cidade encantadora, onde pode- se apreciar a beleza no encontro das águas do rio lima como o oceano atlântico. Com seus numerosos barcos e lanchas. E dentre entre suas maravilhas a que mais me chamou a atenção e me encantou foi o monumento homenageando Diogo Alves, o nosso lendário “caramuru” ostentado por sua estátua junto a sua esposa a índia Paraguaçu.
Ao deparar-me com aquela obra de arte, deste casal de personagens que inventaram a Bahia, vieram a mim as recordações da infância, e mais uma vez eu fui remetido ao passado, no meu tempo de escola, quando eu me encantava com a capa de um caderno ilustrado com a foto de Moema entrando no mar atrás de um navio em cujas velas estampavam a cruz de malta símbolo da marinha portuguesa. Porem, segundo narrava uma lenda que nos foi passada por nossa professora, naquela época, ela havia se apaixonado por Gaspar de Lemos. E como ele recusou levá-la com consigo para Lisboa, ela seguiu seu navio até sucumbir no mar. Quando por ordem de Pedro Álvares Cabral, ele retornou a Portugal conduzindo ao rei, a carta escrita por Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota informando que haviam descoberto e empossado uma terra a qual dera o nome inicial de terra de santa cruz.
“Só agora seis décadas mais tarde vim descobrir a verdadeira lenda, afirmando que realmente houve a tragédia com a linda índia Moema, mas sua paixão era o cunhado Caramuru e não Gaspar de Lemos”.
Dentre as muitas lendas descrevendo a trajetória deste português nascido em Viana do Castelo, tem uma que diz ser ele um industrial, capitão, engenheiro, que sonhava atravessar o oceano, embora sendo descendente de família nobre. Era mal interpretado pela realeza portuguesa, devido pertencer a uma família judia radicada em Lisboa. A intolerância portuguesa fez com que Diogo tomasse a decisão de ir embora. Naquela época há muitos anos atrás, muitos judeus eram perseguidos alguns se converteram outros partiram. Diogo aventurou embrenhando no mar, Ele era um industrial, capitão, engenheiro português, que sonhava em atravessar o oceano. Seu nome era Diogo Alvarez. Era jovem e muito bonito. Alguns diziam que ele pertencia a uma importante família judia. Mas a intolerância portuguesa ao povo judeu fez Diogo tomar a decisão de partir abandonando sua pátria.
Naquela época há muitos anos atrás, os judeus eram perseguidos. Muitos se convertiam, outros, fugiam.
Diogo partiu. Ele se aventurou pelo mar. Passaram-se dias e noites. Uma bela manhã, eles avistaram uma terra. Mas o tempo mudou de repente. Então eles viveram a bordo uma terrível tempestade. Foram parar numa ilha. Era a Bahia de todos os Santos. Alguns dizem que eles foram parar na Ilha de Boipeba, na Ponta dos Castelhanos.
Viviam nesta ilha os Índios da tribo Tupinambá, que eram selvagens e comiam gente. Alguns foram devorados. Mas Diogo e outros de seus companheiros se refugiaram numa gruta. Eles tinham algumas espingardas e também munições.
Quando anoiteceu, Diogo se aventurou a sair da gruta. Na praia, encontrou uma mulher jovem, muito bonita, que estava sozinha. Era uma das filhas do chefe da tribo, Moema. Ela o viu.
Na verdade, ela o seguia há muitos dias. Eles se aproximaram e se tocaram. Então ela levou Diogo para uma cabana, um pouco mais distante dali. Eles se uniram, e rapidamente entenderam que era preciso salvar os outros que ficaram dentro da gruta. Assim, eles bolaram um plano.
-« Eu vi que você tinha varas de fazer fogo », disse Moema em sua língua. Diogo não entendeu. Então a índia começa a ensiná-lo sua língua. Ela desenhava aquilo que dizia na areia
« Você vai se deixar capturar pelos homens da tribo e vai fazê-los acreditar que tem gravetos mágicos, assim eles não vão te comer e então você poderá viver entre nós, se desejar.
Diogo retorna para o grupo onde estavam seus companheiros. Rapidamente eles foram capturados pelos índios, eles logo compreenderam que o homem vindo de longe tinha poderes mágicos extraordinários. Eles lhe deram o nome de Caramuru. Que significa o “homem do trovão”. Começa então uma linda amizade entre os índios e o homem vindo do mar. Nos anos seguintes, eles trabalharam para a construção deste novo mundo. Existem estes momentos na história, abençoados, em que os homens se unem para construir uma nova vida. O Chefe, Taparica, concede a Caramuru à mão de Paraguaçu, sua filha mais nova, em casamento. Mesmo amando Moema, ela não diz nada. Às vezes a razão fala mais alto que o coração.
Anos mais tarde já familiarizado, com os indígenas, caramuru foi atraído pelos navegantes, a viajar para a França. Cogita-se seja pelo o interesse comercial dos europeus, que viram nele um caminho viável para a negociação do pau Brasil com indígenas brasileiros. Ao partir com sua mulher Paraguaçu e deixar Moema desolada ela não suportou o desprezo e se embrenhou no mar tentando alcançá-lo vindo a falecer engolida pelas ondas.
Na França Paraguaçu foi batizada recebendo o nome de Catarina do Brasil. Nome esse em homenagem a rainha Catarina. Empolgado com a chegada de uma nativa vinda da terra recém descoberta além mar o rei da França patrocinou o casamento do casal com pompas e muito luxo. Após serem ovacionados e gozar de vários privilégios a eles concedidos pela coroa francesa, o casal retornou a Bahia como nobre, onde constituíram sua família. Considerada como a primeira da sociedade brasileira. Seus filhos e filhas se casaram com tradicionais integrantes da corte contribuído de forma significativa para a formação da tradicional sociedade baiana.
São várias as versões a respeito da aceitação de caramuru pelos índios. Incluindo uma que diz que ele o poupou por ser magricela de muita pouca carne. Outra diz que ele atirou um pássaro em pleno vou abatendo e os índios amedrontados gritaram: Caramuru... Caramuru... Caramuru...
OBS:
Foto: ( de minha autoria em meu acervo de março de 2015)