O Pedido

O Pedido

Sabe uma vez alguém me falou:

- Deus é o pai de todos nós...

Nas igrejas que congreguei muitos diziam:

- Oh! Meu pai, olhai por mim...

Passei por tantos obstáculos, o qual, eu mesmo criei. Dei tantos murros em pontas de facas, e, vir-me sem moedas para o pão nosso de cada dia...

Mas, frequentei sempre a igreja em busca de uma luz no fim do túnel, uma porta que se abrisse, por fim, alcançar a devida graça do pai celestial.

Nessas mesmas igrejas, cultos e pactos são frequentes, são fornecidos diariamente uma porcentagem do suor sagrado, às vezes desgraçado. Para que sustentarmos a coluna sagrada do pastor.

Então, de tanto ouvir, pai pra lá, pai pra cá, resolvi pedir ao todo poderoso, um empréstimo, fui até a igreja que frequento, ouvi toda ladainha do pastor/padre em oração eu pedia, qualquer quantia, já ajudaria...

Após o termino do culto, chegou a hora da verdade, seria Deus capaz de ajudar sem condenar... Os obreiros passavam de pessoa por pessoa que lhe ofertava o que tinha, esses mesmos obreiros, torciam a boca quando o valor ofertado era pouco. Logo, chegará minha vez. Ele parou diante de mim, olhei para ele, baixei os olhos e em oração pedi...

- Pai, obrigado por mandar sua ovelha junto com a sua graça, não me importo o valor, a sua bondade para comigo já me auxilia, faz-me uma ovelha bem aventurada...

Levantei a visão, o rapaz ainda de pé à minha frente, estende a cesta, a qual eu pego e saio da igreja feliz, como não me importava com o valor, não me preocupei em contar, foi quando ouvi:

- Pega ladrão...

- Onde? Perguntei...

Tive medo de ser roubado. Dois homens de terno me seguraram, foi ai que cai em mim, o ladrão era eu. Chegou a viatura, os policiais já chagaram me batendo, jogou-me atrás da mesma levando-me a delegacia, após horas de espera, fui levado a frente do delegado, começamos ouvindo a igreja, que, desejava minha prisão...

- E o senhor, o que tem a seu favor. Perguntou o delegado.

Seu dotô, bom dia. Eu estou passando por uma digaça total, meu filhos estão sem alimento, a mulher tá grávida precisa de remédio. Eu, então pensei, em pedir para a única pessoa que me ouviria e sabe da verdade... O pai. Porém, antes de pegar o empréstimo, eu orei e agradeci...

O delegado olhou bem, virou para o representante da igreja e falou:

- Senhores, vocês pregam a humildade, a caridade, prometem que os fiéis alcançarão tudo, carro, casa, abundância entre outros, certo.

O representante balançou a cabeça em consentimento.

- Então, nada poderei fazer a respeito do caso, o indivíduo se tivesse roubado teria sai do correndo ok, no entanto saiu andando e segundo ele, e, acredito. Rezou antes agradecendo a ajuda. Estou certo.

- Esta dotô.

- Pois, para que propósito é recolhido esses valores?

- Para o senhor, com o intuito de sustentar a coluna/pilar da graça.

- Certo, por favor manda entrar o senhor, meu pai. Ele é nosso pai, disso eu não posso contestar.

O colega saiu e voltou sozinho dizendo:

- Não há nenhum senhor lá na frente.

- Bom, senhores cadê nosso senhor, o mesmo que, segundo vocês foi lesado?

- Ele está aqui. Disse o rapaz.

- Ok, mande entrar.

- Já esta aqui dentro.

- Sim, que se pronuncie então. Preciso que ele acuse o rapaz pessoalmente de roubo e assine o B.O.

Nada...

- Hum! Sem acusação formal da vítima, não tenho como segurar o rapaz aqui, pode ir embora.

- Bigado seu dotô.

O delegado acenou, sai sem a grana claro, e pensei:

- Deus, não ajuda ninguém financeiramente, não empresta e não adianta ir na igreja que eles te farão passar vergonha. Eu continuo na mesma ou pior, a igreja enriquece com o dinheiro alheio sem fazer esforço algum, acordem, não dêem vida boa a eles enquanto a sua se degrada...

Texto: O Pedido

Autor: Osvaldo Rocha

Data: 13/01/2022

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 13/01/2022
Código do texto: T7428634
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