A Botina do Zé Texêra
A Botina do Zé Texeira
Tinga das Gerais
A pió coisa do mundo uma é pessoa tê um sonho e num pudê arrializá.
Ais vêis pru farta do cascaio, ôtas vêis pru mode disimprêgo e pu aí vai.
O amigo Zé Texêra era um desses que incaxava nesses sonho e o sonho dele era de tê um pá de butina, feitio pelo Jão Reise e cor amarelada feitio burro fugido.
Uma coisa num pode ficá iscondida, que é o desejo de Zé Texêra é sê pião de rudeio, e ele inté tem um cinto cum uma fivela, num tamain que vira inté uma arma.Mais num tinha a tale butina toda cheia licutrixo, infeitiada inté no solado.
O Jão Reise mora lá nu sule de Minas e a demanda é álita e o home fabrica muitios pare de butina e óia, incrusive inté pus isteriore. É...
Bão, misturô o sonho do Zé Texêra e as incumenda do Jão Reise e óia que ele féis a butina, de acordo cum a incumenda, mais condo ínviô pu Zé Texêra, coloco na caxa um pé 36 e o ôto 37 e mais, dois pé isquerdo e o cabôco carça 40. Imagina a luita pu Zé arrializá o sonho.
Ia tê um rastapé lá na casa do cumpade Zezé e o vendêro mão de rato cunvidô a redondeza pa mode adiverti um tiquim e ele muito isperto vendê argunha coisa.
Minino, condo o Zé Texêra ficô sabeno qui a D.Sílivia Maria – ela gostia que chama ela é Maria Bunita - ia no rastapé, ele fico doidio. E que pensô...pensô...pensô e cumeçô a preguntá na currutela o qui era bão pa mode carçá a butina mais sereno.
Um falava qui era bão passá o garfo na trazêra da bicha, Oto já falava quera bão inche ela de mio e butá um tiquim de água, mais sabe quem vêi cum solução? Quem? Quem? Quem? Pedrosinha!
E foi logo falano:
- ô Zé Texêra larga de sê bobo e passa gurdura de Tiú nos dedo e pru dento das butina e ocê vai vê qui risurtado vai dá.
Moço, os dedo do home ísparrachado, aquêz unhão grande, cada calo do tamain duma pipoca e ele só oiano aquilo e pensano nas dôre.
O Mandruvachá caçadô dos bão, tinha im casa a tale gurdura de Tiú e logo mandô uma lata da bicha. Ele lambrecô a butina, os dedão de rinãocerante feitio uma prancha e a mãe dele só deu a orde:
-É agora Jusé! Infia o pé!
Rapaiz! O home ingrossô as veia do prescoço e tcham! Num é qui a butina foi bem! E fico inté bunita.Mais dois pé isquerdo um apontano punorte e o ôto pu sule. O cabôco todo mitido, passô um dosorante Mistrale nos peitios e nas zorêia e muntô num pangaré veio e foi pu rastapé.Aquilo foi isquentano, isquentano, e uns gimidin cumecô a sair bem de leve. O pangaré oiava prele e virava o prescoço, tomem aquele home cum o dosodorante Mistral e o suore tava num catingão!
Assunta, a Maria Bunita toda infeitiada, cum um vistido de Chita, uma Chita bunita, e o Zé Texêra num perdeu tempo e :
- Oi Maria! Ocê me dá o prazêre dessa dança?
Ora! Foi batata!: - Cumo diz aqui nas redondeza -
- Craro Zé! Nóis tá aqui priço memo!
Minino...o hoome caiu na dança e aquilo foi aluino, isquentano, o fedô de gurdura de Tiú misturado cum o dosodorante e a dôre foi só armentando. E pa compretá a Maria ainda pisa no pé do cabôco. Oía! Mais foi um urrrrro!
- Uuuuuuuuuuuuhhhhhhhhh!Ai meu pé Maria Lamparina!
A Maria já num gostô e pisô no ôto pé e o cabôco foi inchano os pé, logo ele sentô no mêi do terrêro, e ele gimia...gimia... num guentô e falô:
- Ô Jão Reise infiliz! Cumê qui faiz uma distratança dessa? Meus pé tá iguale fogo! Parece que inté passo pimenta!
O Mandruvachá tava no cantin tomano uma cum um turrismim, foi sucorrê o home:
- Nossa Zé! O sebo num diantô! Acho qui ocê vai tê qui cortá a butina, seu pé tá iguale o pé do tale Hurik!
O pessoá montô ele no pangaré e açoitiô o bicho e só via a camisinha do cabôco sacudino. Diz qui a mãe dele teve qui fazê uns bain de fôia de Lobêra e ainda fico de cama trêis dia e numa febre qui nem navalgina curava..
Mandô uma cartinha xingano o Jão Reise, mais, o sonho dele, ele arrializô. Mais ele falô que vai ficá cum lagedão no chão memo. E qui butina nunca mais.Agora, a Maria Bunita foi lá pidi discurpa e diz quela mostrô ôta Chita prêle!
Vistido de Chita!
Inté pessuale! Inté!