Pirracema na piracema...?
Essa estória já ouvi e recontei algumas vezes. Tem, naturalmente, seu interesse ecológico. Era a época do defeso. Ninguém podia pescar sob pena de perturbar o processo de reprodução dos peixes. O Nelson, baiano e brumadense, operário da fábrica de tecidos e churrasqueiro dos fins de semana, não se conformava em ficar sem um peixinho na cuia.
Pegou seus petrechos e partiu a pé mesmo pras barrancas do então caudaloso Rio Pará, a pouco mais de uma légua de distância. E mesmo sabendo da fiscalização de Polícia Florestal, não se intimidou. Sempre achava um lugar mais recôndito para empunhar sua vara, e satisfazer sua tara...
Só que, daquela vez não deu certo...Pilhado no ato por dois guardas florestais, novos no métier, e no pedaço, teve que meter samburá, carretilha, vara e o produto de seu árduo labor na traseira do jipe - além da própria - para o ato formal da autuação em flagrante em Pitangui. Durante o trajeto, que levava pouco mais de duas léguas, inconformado, choramingou para si próprio. A meio caminho, chegando ao seu Brumado, em meio aos soluços, exclamou:
- É muita covardia docês, gente, que não tem piedade nem de um pobre morfético...
No ato, e a jato, o jipe parou e lhe foi dada a ordem de apear imediatamente e retirar toda a sua trenheira da traseira...
E enquanto o veículo era submetido a rigorosa e trabalhosa higienização pelos operosos guardas, no Brumado, o Pereira
diante da frigideira e em meio aos camaradas, nem pensava ainda na saideira...