Amigo imaginário
Quando pequeno tive um amigo imaginário, era como uma construção de mim mesmo, porém em outra dimensão.
Em dias de solidão ele saía do guarda-roupas e me olhava fixamente por longos minutos, era como um sonho prolongado que podia modificar com minha criatividade infantil, mais depois começou a se tornar uma companhia constante que inicialmente conseguia me tirar do tédio e da solidão dos meus seis anos.
Por um tempo vivi imerso num mundo que me ajudou a lidar com minhas primeiras frustrações e conseguia misturar realidade e fantasia.
Nesse meu pequeno mundo tudo se resolvia quando ele aparecia, mais depois de algum tempo as coisas mudaram drasticamente, minha mãe já não achava graça em me ver falando sozinho ou olhando fixo para qualquer canto da casa, isso acabava me tornando um alvo fácil de repreensões diárias.
Após dois anos comecei a estudar e a fazer amigos e tudo aquilo deixou de ter graça. Meu amigo imaginário já não me visitava com tanta frequência, nem aparecia no guarda roupas, as ilusões não eram as mesmas e meu mundo aumentara, já não havia lugar para ele.
Apesar dos anos nunca esqueci seu olhar que por vezes me amedrontava, o guarda roupas do meu antigo quarto ainda continua alí no mesmo lugar, do mesmo jeito, e as vezes quando fico lá na mãe ainda tenho a impressão que ele está ali, me observando e tentando refazer nosso velho mundo de fantasia.