CAUSOS DE CURITIBANOS
Eu soube hoje, pela manhã, do falecimento do primo de minha mãe, o Armando. Passaram-me pela memória alguns fatos da vida que me fazem lembrar desse parente. Logo que papai faleceu, além de ficarmos muito abalados pela repentina perda, nos deparamos também com os problemas práticos a serem resolvidos: o inventário e a administração de alguns bens dos quais só ele se incumbia. Mamãe não se envolvia muito com os detalhes e não cuidava pessoalmente nem da conta bancária. Era papai que tratava dos negócios e da administração das finanças. O único filho que ainda morava com eles era muito jovem e se dedicava somente aos estudos.
Mamãe havia herdado de seus pais duas áreas rurais em Curitibanos - SC, onde se criava gado. Como todos morávamos em Curitiba, papai deixou dois caseiros para cuidarem da criação e, frequentemente, viajava para lá. Na falta do chefe da família, viajei com mamãe para Curitibanos a fim de tomarmos pé da situação. Como fomos de ônibus, ao chegar à cidade e nos acomodarmos em um hotel, contratamos os serviços de um taxista para nos levar até as fazendas. Ao embarcarmos no veículo para a Fazenda Cadeia, o motorista levantou o banco e nos mostrou, sob o mesmo, um revólver. Disse que frequentemente fazia corridas para o interior do município e que, na eventualidade de algum perigo por aquelas matas e estradas rurais tão isoladas, andava prevenido. Felizmente, tudo correu bem.
De táxi, enfrentamos a péssima estradinha de terra e, de solavanco em solavanco, chegamos ao destino. Não me perguntem por quê a área se chama Fazenda da Cadeia. Realmente, não sei. Naquela época era bastante isolada, sem energia elétrica, sem linha de ônibus ou qualquer comércio próximo.
Resolvidas as pendências no local, voltamos à cidade. Mamãe, indignada com a péssima situação da estrada vicinal, resolveu ir até a prefeitura pedir melhorias ao primo prefeito, o Armando. Eu a acompanhei. Fomos muito bem recebidas e obtivemos a promessa de que logo as máquinas da prefeitura iriam efetuar melhorias na via .Armando, um prefeito jovem, era simpático, afável e diplomático. Seu pai, Lauro Costa, fora também prefeito da cidade por dois mandatos, assim como a esposa do primo, a Marilúcia o seria, mais tarde.
Mamãe tinha intimidade com o Armando, seus pais e irmãos, porque havia morado com a família por longo período após ser nomeada para lecionar no Grupo Arcipreste Paiva, naquela localidade. Ela gostava muito dos tios Yolanda e Lauro, que a acolheram. Foi na casa deles que se casou com papai em meados de 1946, enquanto seus pais viviam na Fazenda Canoas, no município de Ponte Alta - SC.
Então, por esses laços de parentesco e amizade, resolvi contar esses fatos, para deixar um registro da passagem de Armando por nossas vidas.
Que Deus o tenha em Sua glória!
12-12/2021