A HISTÓRIA DOS ÍNDIOS QUIZANGA E TORORÓ
PREFÁCIO
Essa história é um romance passado no Brasil Colonial. Centradas em dois personagens de índios de tribos rivais. Mas carregam entre si o ódio e as guerras herdadas dos seus ancestrais, desde quando se conheceram como vizinhos da mesma terra. São parentes em consangüineo. Cada tribo se acha melhor que a outra principalmente em adestramentos em guerras. São selvagens e extremamente violentos alguns devoram os inimigos mortos. Não aceitam estranhos em suas terras; cada pedaço de chão roubado, cada animal caçado em suas terras, eram atos de guerras por muitas luas. Para eles a guerra só termina quando o inimigo desaparece de sua região. São comportamentos passados por várias gerações, com esses sentimentos de vingança fazem guerras sucessivas. Até que vão deparar com o romance de Quizanga e Tororó, dois jovens unidos pelo amor e afastados por ódios rivais.
Nesta época, o Brasil era povoado pelos índios em mais de 5.000.000,00 de almas em catequização por jesuítas que tão bem souberam compreendê-los, colocando nos corações dos silvícolas o amor entre as pessoas que podem transformar os sentimentos mais rudes em delicados atos de vida.
Leia a historia abaixo e dê as sua opinião.
Na vasta floresta da Bahia, habitava nas margens dos rios e praias várias tribos indígenas, cada uma vivendo na sua região e sempre havia lutas (guerras) entre as tribos mais selvagens. As mais selvagens se destacavam por números de guerras que foram os Tupinambás e os Botocudos, donos de muitas léguas de terras um dos motivos de tantas brigas. Entre uma dessas brigas, nasceram Quizanga da tribo Botocudo e Tororó da tribo Tupinambá essa uma das tribos mais selvagem depois dos Pataxós.
Quizanga cresceu rápido, junto com seus dois irmãos. Corriam livres e alegres nas matas. Conheciam já nas poucas idades o manejo do arco e flecha, instrumentos de caça e pesca. Seus irmãos chamados de Cató e Timbé eram menores de idade e tamanho do que Quizanga, mas não era por isso que deixaram de serem espertos e controladores dos passos da irmã.
Aos 14 anos, Quizanga foi designada pelo Cacique Arouca, seu pai, a ser mulher do índio Bocaxá, guerreiro, rapaz com seus 18 anos, forte e valente. Só que Quizanga não gostava do pretendente e não houve namoro. O que o chefe Cacique ordenava era feito sem perguntas e todos aceitavam. Ela foi prometida para se unir no ritual indígena quando aparecesse a terceira lua cheia do ano. E assim, o tempo foi passando.
Uma bela manhã, Quizanga se afasta da tribo e atravessa a nado o rio Poti do outro lado, já cansada, deita no tronco de uma raiz de Jatobá, árvore colossal e dorme. Entre os galhos de folhas estão dois olhos a contemplar a beleza da índia. Neste exato momento, uma cobra, ele vê, estar passando no corpo da adormecida. Ele mais que depressa, levanta o arco e a flecha e acerta na cabeça da sucuri a cobra mais venenosa. Ela acorda com o susto e vê a cobra ao seu lado morta com a seta presa. Mas a ave guará companheira da índia da o seu grito avisando-a da presença do estranho rosto que apareceu na mata. Surpresa, ela diz: Quem é você? E ele responde: “ Sou Tororó, nada vou fazer, só estou olhando” em língua Tupy. Quizanga era muito formosa, tinha os cabelos negros, sua pele morena trigueira, seu porte era mais alto de todas as índias da sua tribo. Seu corpo era belo, seu cheiro era mais forte do que o jasmim. Encantou os olhos e bateu mais acelerado o coração de Tororó, que nada falou, só fez dizer frases no dialeto Tupy; “Você é bela como a Jatí, é muito” revelando a sua origem Tupynambá. Ao ouvir o tom da voz, ela recuou pra traz e segurou firme o tacape. Compreendeu ser ele o inimigo Tupynambá. Deu volta no corpo e correu para dentro da mata. Ele em pé, só olhou a fuga. Em poucos passos ela encontra seus irmãos e seguem de volta para a aldeia. Mas na cabeça de Quizanga tinha a imagem bem nítida do jovem Tororó e a cobra morta por ele. Porém, nada ela revelou com seus irmãos.
Os dias passaram e sempre seu pensamento estava lá na mata fechada, vendo o índio. Com poucas e fervorosas lembranças a jovem alegre ficou triste e não queria mais pescar ou caçar com seus irmãos. No riacho perto da aldeia, ela lava as vasilhas de barro e olha para o espelho d’agua e vê o seu rosto junto do rosto do índio Tororó, ela toma susto e volta o olhar para a mata próxima procurando vê o que queria ver. Um zumbido igual a uma flecha no ar e crava-se no tronco da árvore mais próxima. Presa, está uma pena de Tucano, símbolo dos Tupynambás. Era ele, estava perto, queria vê-lo e ouvir a tua voz. Ele aproximou dela e abraçou a índia, ela aceitou o gesto e fica feliz. Tororó fala que é filho do Cacique Taioca, inimigo dos Botocudos, mas ele não tinha como inimigo depois que conheceu a índia. Ela também falou da sua origem e os dois se olharam por muito tempo. Ela descobriu nele, preso nas orelhas, ossos de paca, em cima, negros cabelos curtos, rosto redondo, olhos alongados muito vivos e brilhantes. Avental de penas de várias aves coloridas, anéis de couro de tatú. Forte, alto e muito belo. Os dois formavam um belíssimo casal de índios brasileiros.
Conversaram muito em suas línguas Tupy. E assim o tempo voa, e já estava desaparecendo o sol quando ela diz: “ Que não pode ficar com ele, já é comprometida e vai si unir na lua cheia próxima”. Em tempo, aparecem os dois irmãos de Quizanga e eles lançam flechas no chão perto deles, o casal olham para o lado que veio às flechas e vê os dois índios já com outras flechas na mira em suas direções. Ela dá gritos para os irmãos e eles chamam o seu nome, pedem para acompanhá-los e ela obedece. Tororó fica parado, sem ação e faz gesto de reter os braços da índia, com medo de perdê-la. Ela puxa o braço e corre como uma gazela, muito veloz. Os irmãos a seguem.
Tororó fica triste, sem ânimo, pensa em ir buscar a índia na aldeia e fugir por entre às matas, subir nas montanhas, cortar vales e atravessar rios. Seus pensamentos se estendem até a sua morte que já prever se caso não tê-la. Sua tristeza é tanta que esquece da fome, dos pais, dos amigos, das caças que tanto gosta.
Certa noite, lua cheia, ele pega poucas coisas, coloca dentro de uma sacola de couro, junto com alimentos; farinha e carnes secas de animais. Vai a beira do rio, ajeita uma canoa e segue rio abaixo, sem destino.
Ela do outro lado, bem longe, olha o céu e vê a lua cheia e pensa na união com o índio da sua tribo daqui a três dias e começa a chorar. Corre, é alta noite, vai de encontro ao rio, pega uma canoa e rema sem destino. Já no leito do rio, na sua frente a claridade da lua reflete nas águas negras, formando um tapete brilhante no meio da canoa à zanzar. Quizanga pensa profundamente em ir até a aldeia dos Tupynambás para ver o índio Tororó. Rema com todas as suas forças até que a lua não mais clareia o rio. Só ouve chiadas de animais e o chocalhar das águas do movimento do remo. Assim percorre alguns quilômetros quando vê vários archotes de luzes a clarear o rio. Prever o indesejável, índios Tupynambás. De repente, surge ao seu lado, outra canoa, em pé está o índio Tororó remando para se aproximar dela, às canoas de ambos se batem e ele pula para a canoa de Quizanga. Abraços e gestos de carinhos um passando o nariz sobre o outro nariz é uma forma mútua de prazer e alegria. Neste exato momento, surgem de um lado os índios Botocudos e do outro os índios Tupynambás. Com seus arcos e flechas direcionados a eles. Zumbidos de flechas ouvem, com dores no corpo, às setas transpassa, os corpos caem no rio, sem vida. Os gritos ecoam no leito do rio negro tingido de sangue dos jovens apaixonados.
As tribos choram e lamentam as perdas de seus filhos diletos. Cada chefe Cacique recolhe no rio os corpos queridos e seguem cada um para as suas aldeias. Os choros e os gritos se ouvem ao longe. Levam três dias os funerais, nas aldeias são referenciados nas tradições indígenas. Os corpos são preparados e mumificados com músicas e cantos fúnebres. Depois das festas eles depositam os cadáveres nas urnas cerâmicas para os enterramentos. É ritual sagrado e obrigatório, ainda mais em se tratando de pessoas queridas que deram provas de amor sincero, sem fronteira ou quanto é caso de ato de bravura. E tem mais, Quizanga e Tororó são motivos para a união das tribos terem paz.
Eles vivem até hoje nas lembranças dos índios brasileiros. Nas noites enluaradas os navegantes do rio, ouvem seus choros e os gritos dos dois apaixonados, no local que eles morreram.
Autor:
Álvaro B. Marques
SSA, 10.08.2010.
NOTE BEM: Está é uma história fictício com bases reais.