OS FANTÁSTICOS CROQUETES DA DONA DIDI

Estudei na Escola Básica Professora Maria do Carmo Lopes no finalzinho da década de 80 e início da década de 90 (até a oitava série, na época). Morei e cresci no bairro. Que saudade. Que tempo bom. Sou muito grato por tudo que aprendi e vivi naquela escola. Naquele tempo, não contávamos com internet, celulares, computadores e redes sociais. Tudo parecia diferente. Estudar era diferente de hoje em dia. Era preciso prestar muita atenção no que os professores ensinavam em sala de aula e pesquisar, lendo bastante. No Maria do Carmo o ensino sempre foi de qualidade, mas era impossível não ficar pensando na hora do recreio. Acho que todos os alunos da escola contavam os minutos para aproveitar aquele momento. Quando soava o alarme do intervalo para o recreio, ou como dizíamos... quando “tocava o sinal”, praticamente todos os alunos partiam em disparada, quase que desesperados. O motivo e o destino eram um só: O Barzinho da Dona Didi e seus maravilhosos croquetes.

A criançada fazia uma interminável e indisciplinada fila para comprar os famosos croquetes da Dona Didi; e eram deliciosos mesmo. Era uma gritaria frenética. Um “mar” de bracinhos levantados e um conjunto de vozes formando um coral pedindo croquetes. Aquilo até parecia uma multidão de fãs querendo chegar perto do seu ídolo; no caso, o ídolo era o croquete. A filha da Dona Didi auxiliava nas vendas. Enquanto mais e mais crianças se juntavam a fila, outras saiam daquela aglomeração, realizadas e felizes em posse dos seus valiosos croquetes dentro de saquinhos de papel. Era uma verdadeira loucura. Lembro-me que comecei a vender picolé na rua só para ter dinheiro e poder comprar os croquetes da Dona Didi na hora do recreio. E quando não tinha dinheiro, eu passava diversas vezes na frente do barzinho só para sentir aquele cheirinho delicioso dos croquetes. Aquele salgadinho era realmente uma iguaria.

Enquanto meus amigos e eu saboreávamos os deliciosos croquetes na hora do recreio, tentávamos adivinhar os ingredientes e como eles eram feitos. Nunca soubemos se eram feitos de camarão ou de frango, ou quem sabe até uma mistura das duas coisas. O que sabíamos com certeza é que mais ninguém no mundo fazia croquetes como aqueles. Certamente a Dona Didi tinha uma receita mágica e preparava os croquetes com o melhor tempero do universo... O tempero chamado amor. Lembro-me que comentávamos em tom de brincadeira que a Dona Didi não dormia nunca; imaginávamos que ela fazia croquetes durante a madrugada inteira, para vender no dia seguinte no barzinho da escola. O que podíamos perceber é que a Dona Didi era com toda certeza uma batalhadora; um exemplo de mulher dedicada e trabalhadora. E isso, nem foi os professores que ensinaram. Na Escola Professora Maria do Carmo Lopes, Dona Didi também nos deu aula... de profissionalismo, perseverança e amor a família. Sempre muito gentil e atenciosa com os alunos.

O empreendedor que conquista as crianças é um vencedor. Pois a Dona Didi conquistou uma multidão de crianças com sua simpatia e principalmente com os seus croquetes de outro mundo. Os professores também adoravam. Ninguém resistia; essa é a verdade. Aqueles croquetes da Dona Didi com uma laranjinha bem gelada, fazia o dia de qualquer um explodir em alegria. As boas lembranças da infância nos acompanham até a velhice. Até hoje, se eu fechar os olhos, eu quase posso sentir aquele aroma delicioso dos croquetes. Quase posso sentir o fantástico sabor. Se eu pudesse voltar no tempo, com certeza retornaria ao passado só para ir até o barzinho da Dona Didi e fazer um lanchinho. Recordo-me com muito carinho dessa fase da minha vida; e expresso aqui a minha mais sincera gratidão a Dona Didi, pela espetacular experiência gastronômica que ela nos proporcionou. Querida Dona Didi... Muito obrigado!

Adriano Besen
Enviado por Adriano Besen em 03/12/2021
Reeditado em 03/12/2021
Código do texto: T7399019
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.