Trecho das histórias que as vozes surruram
Rio de Janeiro, 20 de Julho de 1944
" - Te escrevo essa carta sem lágrimas.
Lhe deixo hoje; porque meu coração a ti não mais pertence".
Maria Flor
Recebi sua carta 5 meses após minha partida.
Como um tiro disparado a queima roupa
foram as palavras no última escrito de Maria Flor;
sem delongas e com uma precisão cirúrgica.
As poucas palavras travaram na garganta como bolor,
o chão desaparecera, os sentidos foram perdidos.
Lembrei-me da Batalha em Monte Castelo,
nos quase 400 irmãos perdidos. E pela primeira em toda aquela maldita guerra que chegava ao fim, senti falta de minha companhia e dos homens honestos e honrados que se foram.
Todo trajeto de volta fora em silêncio, por dentro e por fora, não existia espaço para lágrimas, muitos haviam perdido o tino durante as noites frias em Castelnuovo, não era justo sofrer por isso.
Na contra capa de sua carta de poucas palavras te escrevi:
Trentino, 30 de Junho de 1945
" - Te escrevo essa carta sem lágrimas.
Morro hoje pela segunda vez desde que me alistei para defender o país. Nunca mais morrei"
Anntônio Braz.
Paschoal, George