O Internato.
O Internato.
Penso que no mudo espiritual não me dispunha a nascer, foi muito contra a minha vontade que encarnei. Daí ter sido uma criança revoltada, braba e muito arredia. Vivi feito bicho solto e até 10 anos era um ser indomável, sem nenhuma diretriz que indicasse um futuro saudável. Carrego comigo ainda hoje a lembrança e resquícios desse passado distante e já não me vejo tão na pele de um leopardo. Aos 10 anos entrei para o internato escolar e precisei de 5 anos de modelagem. O tempo, anexo a convivência com os mestres e as outras crianças foram eliminando a revolta e lapidando a minha personalidade para enfrentamento da vida.
Relembro com saudade esse momento importante da minha infância. Estava prestes a completar 10 anos, recém-chegado no Rio de Janeiro e ainda não alfabetizado. Havia na época dificuldade na oferta de escola pública, entretanto, o padrão de ensino era de qualidade e se adotava o modelo de colégio interno, atualmente extinto. Fui aluno de um internato localizado na subida da usina. A localidade era o próprio éden, o índice demográfico da cidade era baixo e a industrialização ainda não fora massificada o que facilitava a liberdade e qualidade de vida.
O transporte era feito por lotação, bonde e muito pouco ônibus a inexistência dos túneis transformava uma ida do Leme a Usina uma verdadeira odisseia para mim e meu irmão nas saídas mensais. Naquele colégio iniciei minha metamorfose, aprendi a socializar-me com o mundo de outra forma. Iniciava, assim o autoconhecimento e a aceitar a vida e o mundo como ele é. Vi que era um ser romântico que precisava de pouco para ser feliz.
Era preciso viver com o pé no chão e a cabeça no lugar, mais era preciso também sonhar.
Minha realização só seria possível através do amor. Dessa forma, ingresso na adolescência buscando o amor, e concretizo na fase adulta, agora na madureza desperta o lado espiritual e acho o meu verdadeiro eu. Encontrei o que buscava.
Vivo hoje no caminho da espiritualização.
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Jonas Vasconcelos
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“O primeiro beijo” - Do Livro Felicidade Clandestina de Clarice Lispector