Impediram-na de freqüentar inocentes soirées e reuniões de adolescentes.
Shoppings, teatro, passeios na praça, acampamentos, cinema, nem pensar.
Aos domingos faziam-na acompanhá-los nas monótonas e desinteressantes programações sociais.
Finais da tarde retornavam à casa, assistir aos chatérrimos
e repetitivos programas e flashs da TV aberta.
Durante a semana os horários eram super rígidos.
Sabrina era uma moça conformada e obedecia à todas as exigências dos pais.
Uma boneca sem dignidade ou opinião, embora belíssima e atraente.
Hora de levar e buscar a moça das aulas, levar ao balé, buscar...levar à aula de oratória, buscar...à aula de culinária, buscar...
Tudo sincronizado e rigidamente controlado.
Hora de dormir, de acordar, de tomar o banho, tempo de permanência no banheiro...
Os pais guardavam a virgindade da mocinha a todo o custo, digamos a sete chaves.
Gira mundo, passaram alguns tempos, nem a adolescente nem seus pais mudaram o modo de viver.
Eles, retrógrados, ela conformada com a vida.
O tempo dissipara-se no etéreo.
Exauidas as forças para dirigir seus destinos e a rotina da casa os anciões resolveram contratar uma empregada doméstica.
A empresa de recursos humanos, de acordo com as exigências rígidas do casal indicou a Marisa para os afazeres domésticos e a vigilância da mocinha (já nem tanto) diuturnamente.
Passaram-se alguns meses.
Os pais observavam que Sabrina estava mais alegre, solta, leve...jamais viram-na assim...
O que poderia ter concorrido para tal mudança ?
Jamais souberam!!!
Abatidos pela idade, acamados, faleceram alguns anos após...
O segredo guardado a sete chaves por Sabrina é que a querida Marisa era travesti que a cobriu de muito amor, tesão e paixão, sentimentos estes que lhe foram negados por tantos anos.
Ele e ela estavam perdidamente apaixonados!!!
Foram muito felizes!
As chaves do Paraíso segredadas para sempre, das pessoas e do mundo!