DESPEDINDO DA MOTO
EM 2010
EM 2010
Olhei a minha moto parada num canto da garagem, um pouco pensativo, mas senti que ela também me olhava, mas parecia que estava querendo se comunicar comigo, até sentia que nas suas indagações, como se ela me falasse: como é cara eu estou aqui parada sentindo saudades da estrada, lembra-se das curvas daquelas deitadas que tu exigias muito de mim, e eu que não era moto de fazer curva, mas não te decepcionava, até parece bravo comigo, ou te sentes velho para me encarar e achas que eu estou muito nova. Ora eu estou com cinco anos, isso não é nada, mas tu não és um guri, considerando os teus 68 anos, e todo o treino que fizeste durante a tua vida, tu ainda estás inteiro, vamos encarar mais uma voltinha, mas uma voltinha na estrada, pois eu sou uma exuberante moto para tu me usares somente de forma urbana. E as outras motos anteriores tu as usavas bastante e até judiava delas.
Tu já esqueceste, que durante uma viagem os sentidos se aguçam, captando as belezas das paisagens do mundo, e não são cansativas como parecem ser se for pilotada por pessoas que usam da inteligência e respeito. Não é só para exercitar os sentidos, mas um desafio para o crescimento, como se estivesse enfrentando o mundo ao seu estilo e até, sentindo o mundo através da ventania gerada pela ação da moto adentrando no mundo. É mostrar aos mais jovens, o que é viver. Depois na noite, vem aquele descanso prazeroso de dormir um sono profundo e restabelecedor.
A moto falando comigo: foi simplesmente uma imaginação gerada, pela falta de uma maior intimidade e compartilhamento com a moto nas estradas. Fique mais um tempo olhando aquela moto inerte, parecendo que tinha muito motor para ficar ali parada. Não parecia ser feita ara estar ali. Não era esse o seu sonho, e nem o meu.
Então eu fui verificar as minhas indumentárias que eu usava nas minhas aventuras de motos e coloquei minha jaqueta preta cheia de botons, o brinco na relha, opa este ainda o uso. Vesti as minhas calças, que tem uns rebites, feitos com exclusividade para o meu gosto, e tem também um emblema do nosso grupo no bolso traseiro, afivelei a minha cinta própria com aquele fivelão todo exibido, calcei as botas, já tirado os enfeites próprios de quem curte uma boa moto custom, coloquei um lenço com águias estampadas.
Olhei na minha gaveta de utensílios para adornar, como se fosse participar de um grande encontro, e escolhi os anéis, e as pulseiras para aquele dia. Olhei os capacetes: tinha um que eu esculpi um dragão na sua parte superior, aquele era para alguma festa onde os motociclistas queiram aparecer e dar o seu show. Aquele não servia mais, pois já estava em desacordo com as novas leis.
Dos demais que sobraram, pois muitos já tinham sido doados, apenas um estava em ordem, e foi este que eu fiz uso. Custei a achar minhas luvas, que eram somente para usar junto com a moto, acho até que ela ficava com ciúme se eu usasse aquelas luvas para outra ocasião, elas eram pretas com detalhes vermelhos, claro para combinar com a moto.
Eu já estava pronto para dar aquele último passeio e enfrentar as curvas, e se fundir com o calor do asfalto e se chover for preciso, pois uma aventura tem que ter todos os ingredientes para se tornar inesquecível, como eu fazia durante os últimos anos.
Continuando a imaginação, quando a minha moto me viu, eu sorri para ela e senti como se ela assobiasse para mim: como se fizéssemos as pazes, mas nem havíamos brigado. Então eu a liguei, e ouvi aquele sistema todo funcionando e quando montei me senti outra pessoa, parecia que eu ia ganhar o mundo, mas disse para a minha Shadow 750, nós não vamos tão longe, será uma viagem a minha terra natal, na cidade de Passo Fundo/RS para matar a saudade de criança quando lá eu vivia.
Mas nós não vamos sozinhos, eu convidei um grande amigo chamado Sérgio Cândido, faixa preta de judô, que tem uma moto que parece a tua irmã, só que é preta, e até a chamava carinhosamente de pretinha.
Marcamos o encontro num posto de Gasolina em Canoas, onde as motos se conheceram, e acho até que falaram alguma coisa entre elas, mas foi com o som do motor. Se eu soubesse traduzir, eu acho que a minha vermelha disse para a outra vamos nessa pretinha, e a pretinha deve ter respondido, então vamos sua vermelhona doida.
E partimos, rumo a serra: um clima maravilhoso, um sol que estava chamando os motociclistas para as estradas. Chegamos ao entroncamento onde indicava: por Carazinho ou por Passo Fundo, eu como estava no momento na frente, falei: vamos por Carazinho, e segui em frente, mas de repente o Sérgio ficou muito para trás e fiquei andando mais lento, esperando por ele, até que ele me encontrou, e quando passou por mim perguntou: mas tu não querias ir por Carazinho e seguiu pela estrada de Passo Fundo: é eu pensei que estavamos indo por Carazinho? Haha. São coisas que acontecem com motociclistas. Mas chegamos ao nosso destino. Liguei para o meu primo Walter Zimmernann de Mello, que mentiu-me que não estava em casa, mas que poderíamos ir a noite que ele e sua família estariam nos esperando.
Durante a noite eles nos receberam com um gostoso churrasco, bem campeiro, e colocamos em dia a conversa atrasada, quando ele me disse que realmente estava em casa, mas muito envolto com trabalhos e minha presença ou eu teria que atrapalhá-lo ou ajudá-lo. Preferimos não atrapalhar, nem ajudar.
Pernoitamos num hotel no centro de Passo Fundo, e durante a noite ficamos na frente do hotel, sentados em uma praça, quando apareceu uma senhora meio chapada, perguntando para nós onde que ficava a zona. Como nós só conhecíamos o hotel falhei-lhe que os rapazes do próximo banco saberiam onde era a zona, e ela após dançar um pouco para nós, foi fazer frente com a outra platéia.
Bem cedinho fomos buscar as máquinas na garagem que já estavam prontas e nos esperando para pormos suas rodas nas estradas, e assim colocamos nossa essência da liberdade e companheirismo fazendo os motores roncarem na estrada da volta, que às vezes a própria estrada é mais importante do que o destino. Como na própria vida.
Estávamos voltando com as nossas exuberantes máquinas, desfrutando cada curva, para a direita e esquerda, às vezes era só para a direita, e outras vezes só para a esquerda, e de repente uma reta que sumia no infinito, dando a certeza de que o mundo e realmente redondo.
Íamos sentindo no ouvido o ronco dos potentes dois cilindros em V, em nossas faces, vivendo o tempo, e no decorrer, vínhamos, passavam máquinas de todos os tipos, pequenas, grandes e muito grandes, e até umas que não eram reconhecíveis pelas customizações a elas impingidas.
Quando numa das curvas, avistamos um motoqueiro caído com sua moto, e todo esfolado e sangrando, mas sem nenhum corte profundo. Como faz parte dos motociclistas que são pela solidariedade e amizade mútua, fizemos o uso do bom senso, e seguramos as máquinas no freio, para auxiliar o nosso amigo motociclista acidentado.
Ele estava bêbado ou dopado, pois não falava com coerência, só queira que nós desvirássemos a moto. Deve ter caído sozinho na curva. Depois que ele subiu na moto, nós deveríamos segui-lo, até um posto de gasolina mais próximo onde pediríamos ajuda, mas ele queria mesmo era se livrar da gente. Não era chegado em andar com grupo, era o próprio motociclista solitário, e envolto nele mesmo. Quando chegou num determinado cruzamento, deitou sua máquina para a esquerda e sumiu do mapa. E nós continuamos com a nossa aventura.
Às vezes eu ia à frente e parecia que eu o estava puxando, já que o meu companheiro de estrada ficava muito distante. Mas quando ele era o puxador, eu sentia que iria atropelá-lo, mas na realidade eu queria era empurrá-lo um pouco para andarmos mais depressa. Isso quer dizer que faltava uma equalização de velocidades. Na realidade cada um tinha a sua função, e a nossa velocidade era bem controlada.
Na volta paramos em um restaurante alemão, onde entramos com toda a nossa indumentária de couro, com caras de fome, encontramos uma gostosa e farta comida. Quando a garçonete colocou toda aquela quantidade de pratos em cima da mesa, eu lhe perguntei: mas quem mais vai comer conosco: mas ela disse-nos que a comida era para duas pessoas. Acho que ela pensa que motoqueiros comem mais do que precisam. Mas era assim mesmo, a comida era muito farta.
Depois a garçonete, falou em alemão perguntando se nós falávamos à língua dela. Eu lhe disse que alemão eu não falava porque achava muito difícil, mas que eu era fluente em japonês, ela ficou admirada, rindo sozinha, então fala alguma coisa em japonês para eu ouvir: então eu lhe disse: Udehishiji jugigatame ipponseoi nage yama arashi hon kesa gatame sayonara. Ela riu como se eu estivesse brincando, e me perguntou se eu conseguia repetir, então eu repeti tudo o que tinha falado: e ela, mas, tu falas mesmo japonês.
Então quando alguém fala outra língua, eu apresento o meu japonês, pois não é difícil para um ex. professor de judô falar algumas técnicas pertencentes ao judô. Ali mesmo fizemos a nossa despedida, cada um ao lado de suas motos, batendo as palmas das mãos, e cada um seguiu para o seu retorno nas suas cidades para enfrentar os seus problemas urbanos.
Ao chegar à minha casa com a maior saudade da minha mulher, apesar de dois dias ausente. Após aquele lindo passeio pelas estradas da serra, voltamos renovados. Acho que a gente tem que buscar alguma coisa, na vida para restaurar o nosso corpo e a nossa mente para ter animo na longa e infinita estrada da vida.
É impossível para pessoas comuns compreenderem a relação do motociclista com a sua máquina, e até para os motociclistas esta relação fica difícil de explicar. Eu já fiz planejamento para me aposentar da moto, mas é uma coisa difícil de assumir, e assim vou levando com a minha Shadow, mas não te assanha, pois por enquanto é só uso urbano.
Essa narrativa sobre a minha vida com duas rodas, é pertinente, pois foram mais de 40 anos, é uma vivência andando de moto, e é uma das coisas de laser que realmente teve grande importância na minha vida, como um todo, foram vidas vividas que a gente leva junto quando morrer.
Serve como um exemplo de que cada um deve buscar a sua forma de encarar a vida com trabalho, e com um tipo de laser. Pois não é só trabalhar. Viver é buscar algum tipo de prazer, e deixar o estresse guardado. A vida é uma só, e temos que aproveitá-la. Não é só o motociclismo que existem para nos dar prazer, existem outras fontes, basta buscar a sua preferida, e viver. O motociclismo foi um dos meus grandes prazeres.
É bom lembrar que nem todos foram feitos para andarem de motos, e as motos também não foram feitas para todos. O motociclista deve andar consciência e respeito, deve entender que a moto fala com a gente ela mesmo nos diz quando devemos ir mais devagar, e quando devemos correr mais, quando não devemos ultrapassar, mas não devemos desafiá-la, senão ela fica brava conosco. Até ela às vezes nos dá um tombo, para nos ensinar a respeitá-la. A moto é um doce animal, que fez comigo, um romance homem e motor, por mais de 40 anos.
POIS É AO RELER ESTE CONTO, DA DESPEDIDA DA MOTO... NÃO CONSEGUI - E CONTINUO A ANDAR DE MOTO ATÉ O ANO DE 2021 COM 78 ANOS DE VIDA... ATÉ QUANDO? NÃO SEI.
“AME O SEU TRABALHO E TAMBÉM O SEU LAZER”
Tu já esqueceste, que durante uma viagem os sentidos se aguçam, captando as belezas das paisagens do mundo, e não são cansativas como parecem ser se for pilotada por pessoas que usam da inteligência e respeito. Não é só para exercitar os sentidos, mas um desafio para o crescimento, como se estivesse enfrentando o mundo ao seu estilo e até, sentindo o mundo através da ventania gerada pela ação da moto adentrando no mundo. É mostrar aos mais jovens, o que é viver. Depois na noite, vem aquele descanso prazeroso de dormir um sono profundo e restabelecedor.
A moto falando comigo: foi simplesmente uma imaginação gerada, pela falta de uma maior intimidade e compartilhamento com a moto nas estradas. Fique mais um tempo olhando aquela moto inerte, parecendo que tinha muito motor para ficar ali parada. Não parecia ser feita ara estar ali. Não era esse o seu sonho, e nem o meu.
Então eu fui verificar as minhas indumentárias que eu usava nas minhas aventuras de motos e coloquei minha jaqueta preta cheia de botons, o brinco na relha, opa este ainda o uso. Vesti as minhas calças, que tem uns rebites, feitos com exclusividade para o meu gosto, e tem também um emblema do nosso grupo no bolso traseiro, afivelei a minha cinta própria com aquele fivelão todo exibido, calcei as botas, já tirado os enfeites próprios de quem curte uma boa moto custom, coloquei um lenço com águias estampadas.
Olhei na minha gaveta de utensílios para adornar, como se fosse participar de um grande encontro, e escolhi os anéis, e as pulseiras para aquele dia. Olhei os capacetes: tinha um que eu esculpi um dragão na sua parte superior, aquele era para alguma festa onde os motociclistas queiram aparecer e dar o seu show. Aquele não servia mais, pois já estava em desacordo com as novas leis.
Dos demais que sobraram, pois muitos já tinham sido doados, apenas um estava em ordem, e foi este que eu fiz uso. Custei a achar minhas luvas, que eram somente para usar junto com a moto, acho até que ela ficava com ciúme se eu usasse aquelas luvas para outra ocasião, elas eram pretas com detalhes vermelhos, claro para combinar com a moto.
Eu já estava pronto para dar aquele último passeio e enfrentar as curvas, e se fundir com o calor do asfalto e se chover for preciso, pois uma aventura tem que ter todos os ingredientes para se tornar inesquecível, como eu fazia durante os últimos anos.
Continuando a imaginação, quando a minha moto me viu, eu sorri para ela e senti como se ela assobiasse para mim: como se fizéssemos as pazes, mas nem havíamos brigado. Então eu a liguei, e ouvi aquele sistema todo funcionando e quando montei me senti outra pessoa, parecia que eu ia ganhar o mundo, mas disse para a minha Shadow 750, nós não vamos tão longe, será uma viagem a minha terra natal, na cidade de Passo Fundo/RS para matar a saudade de criança quando lá eu vivia.
Mas nós não vamos sozinhos, eu convidei um grande amigo chamado Sérgio Cândido, faixa preta de judô, que tem uma moto que parece a tua irmã, só que é preta, e até a chamava carinhosamente de pretinha.
Marcamos o encontro num posto de Gasolina em Canoas, onde as motos se conheceram, e acho até que falaram alguma coisa entre elas, mas foi com o som do motor. Se eu soubesse traduzir, eu acho que a minha vermelha disse para a outra vamos nessa pretinha, e a pretinha deve ter respondido, então vamos sua vermelhona doida.
E partimos, rumo a serra: um clima maravilhoso, um sol que estava chamando os motociclistas para as estradas. Chegamos ao entroncamento onde indicava: por Carazinho ou por Passo Fundo, eu como estava no momento na frente, falei: vamos por Carazinho, e segui em frente, mas de repente o Sérgio ficou muito para trás e fiquei andando mais lento, esperando por ele, até que ele me encontrou, e quando passou por mim perguntou: mas tu não querias ir por Carazinho e seguiu pela estrada de Passo Fundo: é eu pensei que estavamos indo por Carazinho? Haha. São coisas que acontecem com motociclistas. Mas chegamos ao nosso destino. Liguei para o meu primo Walter Zimmernann de Mello, que mentiu-me que não estava em casa, mas que poderíamos ir a noite que ele e sua família estariam nos esperando.
Durante a noite eles nos receberam com um gostoso churrasco, bem campeiro, e colocamos em dia a conversa atrasada, quando ele me disse que realmente estava em casa, mas muito envolto com trabalhos e minha presença ou eu teria que atrapalhá-lo ou ajudá-lo. Preferimos não atrapalhar, nem ajudar.
Pernoitamos num hotel no centro de Passo Fundo, e durante a noite ficamos na frente do hotel, sentados em uma praça, quando apareceu uma senhora meio chapada, perguntando para nós onde que ficava a zona. Como nós só conhecíamos o hotel falhei-lhe que os rapazes do próximo banco saberiam onde era a zona, e ela após dançar um pouco para nós, foi fazer frente com a outra platéia.
Bem cedinho fomos buscar as máquinas na garagem que já estavam prontas e nos esperando para pormos suas rodas nas estradas, e assim colocamos nossa essência da liberdade e companheirismo fazendo os motores roncarem na estrada da volta, que às vezes a própria estrada é mais importante do que o destino. Como na própria vida.
Estávamos voltando com as nossas exuberantes máquinas, desfrutando cada curva, para a direita e esquerda, às vezes era só para a direita, e outras vezes só para a esquerda, e de repente uma reta que sumia no infinito, dando a certeza de que o mundo e realmente redondo.
Íamos sentindo no ouvido o ronco dos potentes dois cilindros em V, em nossas faces, vivendo o tempo, e no decorrer, vínhamos, passavam máquinas de todos os tipos, pequenas, grandes e muito grandes, e até umas que não eram reconhecíveis pelas customizações a elas impingidas.
Quando numa das curvas, avistamos um motoqueiro caído com sua moto, e todo esfolado e sangrando, mas sem nenhum corte profundo. Como faz parte dos motociclistas que são pela solidariedade e amizade mútua, fizemos o uso do bom senso, e seguramos as máquinas no freio, para auxiliar o nosso amigo motociclista acidentado.
Ele estava bêbado ou dopado, pois não falava com coerência, só queira que nós desvirássemos a moto. Deve ter caído sozinho na curva. Depois que ele subiu na moto, nós deveríamos segui-lo, até um posto de gasolina mais próximo onde pediríamos ajuda, mas ele queria mesmo era se livrar da gente. Não era chegado em andar com grupo, era o próprio motociclista solitário, e envolto nele mesmo. Quando chegou num determinado cruzamento, deitou sua máquina para a esquerda e sumiu do mapa. E nós continuamos com a nossa aventura.
Às vezes eu ia à frente e parecia que eu o estava puxando, já que o meu companheiro de estrada ficava muito distante. Mas quando ele era o puxador, eu sentia que iria atropelá-lo, mas na realidade eu queria era empurrá-lo um pouco para andarmos mais depressa. Isso quer dizer que faltava uma equalização de velocidades. Na realidade cada um tinha a sua função, e a nossa velocidade era bem controlada.
Na volta paramos em um restaurante alemão, onde entramos com toda a nossa indumentária de couro, com caras de fome, encontramos uma gostosa e farta comida. Quando a garçonete colocou toda aquela quantidade de pratos em cima da mesa, eu lhe perguntei: mas quem mais vai comer conosco: mas ela disse-nos que a comida era para duas pessoas. Acho que ela pensa que motoqueiros comem mais do que precisam. Mas era assim mesmo, a comida era muito farta.
Depois a garçonete, falou em alemão perguntando se nós falávamos à língua dela. Eu lhe disse que alemão eu não falava porque achava muito difícil, mas que eu era fluente em japonês, ela ficou admirada, rindo sozinha, então fala alguma coisa em japonês para eu ouvir: então eu lhe disse: Udehishiji jugigatame ipponseoi nage yama arashi hon kesa gatame sayonara. Ela riu como se eu estivesse brincando, e me perguntou se eu conseguia repetir, então eu repeti tudo o que tinha falado: e ela, mas, tu falas mesmo japonês.
Então quando alguém fala outra língua, eu apresento o meu japonês, pois não é difícil para um ex. professor de judô falar algumas técnicas pertencentes ao judô. Ali mesmo fizemos a nossa despedida, cada um ao lado de suas motos, batendo as palmas das mãos, e cada um seguiu para o seu retorno nas suas cidades para enfrentar os seus problemas urbanos.
Ao chegar à minha casa com a maior saudade da minha mulher, apesar de dois dias ausente. Após aquele lindo passeio pelas estradas da serra, voltamos renovados. Acho que a gente tem que buscar alguma coisa, na vida para restaurar o nosso corpo e a nossa mente para ter animo na longa e infinita estrada da vida.
É impossível para pessoas comuns compreenderem a relação do motociclista com a sua máquina, e até para os motociclistas esta relação fica difícil de explicar. Eu já fiz planejamento para me aposentar da moto, mas é uma coisa difícil de assumir, e assim vou levando com a minha Shadow, mas não te assanha, pois por enquanto é só uso urbano.
Essa narrativa sobre a minha vida com duas rodas, é pertinente, pois foram mais de 40 anos, é uma vivência andando de moto, e é uma das coisas de laser que realmente teve grande importância na minha vida, como um todo, foram vidas vividas que a gente leva junto quando morrer.
Serve como um exemplo de que cada um deve buscar a sua forma de encarar a vida com trabalho, e com um tipo de laser. Pois não é só trabalhar. Viver é buscar algum tipo de prazer, e deixar o estresse guardado. A vida é uma só, e temos que aproveitá-la. Não é só o motociclismo que existem para nos dar prazer, existem outras fontes, basta buscar a sua preferida, e viver. O motociclismo foi um dos meus grandes prazeres.
É bom lembrar que nem todos foram feitos para andarem de motos, e as motos também não foram feitas para todos. O motociclista deve andar consciência e respeito, deve entender que a moto fala com a gente ela mesmo nos diz quando devemos ir mais devagar, e quando devemos correr mais, quando não devemos ultrapassar, mas não devemos desafiá-la, senão ela fica brava conosco. Até ela às vezes nos dá um tombo, para nos ensinar a respeitá-la. A moto é um doce animal, que fez comigo, um romance homem e motor, por mais de 40 anos.
POIS É AO RELER ESTE CONTO, DA DESPEDIDA DA MOTO... NÃO CONSEGUI - E CONTINUO A ANDAR DE MOTO ATÉ O ANO DE 2021 COM 78 ANOS DE VIDA... ATÉ QUANDO? NÃO SEI.
“AME O SEU TRABALHO E TAMBÉM O SEU LAZER”