MENINO FRACO FORTALECIDO
 
Eu nasci no distrito de Pulador, um cantão do mundo, distrito de Passo Fundo. Um distrito que nunca passou a ser cidade, e continua com a mesma população desde 1943 quando eu lá nasci. Era naquele lugar quando eu era neném, que minha mãe enfrentou os maiores desafios com a minha saúde precária. Não lembro muito bem dos acontecidos no distrito de Pulador. Mas tenho lembranças da minha mãe falando que tinha que atravessar as cercas de arame farpado, para tomar um trem, e ir até a Cidade de Carazinho em busca do socorro para as minhas pestes, e aí podia ser um curandeiro, um médico, alguém que fizesse alguma coisa que deixasse a minha mãe menos aflita. Posteriormente fomos morar em Carazinho, onde uma casa era longe da outra, onde meu pai trabalhava numa olaria, próxima a nossa casa, ajudados pelos meus irmãos maiores. Também havia trabalhos na lavoura com plantações de recursos para a alimentação. Tínhamos vacas, porcos, galinhas, cachorros. Ainda me lembro do pitico. Eu deveria ter um cinco anos quando tivemos esse nosso cãozinho peludo, que era o meu preferido para as brincadeiras em volta da casa. Nunca mais o esqueci, apesar do tempo decorrido. Seu nome ficou na minha lembrança, e continuará vivo nela enquanto eu existir. Fui criado tomando leite, comendo frutas, pois quem mora num sítio, sempre come bem, talvez pela comida e com a vida ao a livre correndo pelos campos, subindo em árvores, tenha sido de grande valia para a minha sobrevivência, e surpreendendo até os que não levavam fé na minha recuperação. A vida em casa de campo como vivíamos, era o ideal, principalmente para crianças, e hoje mais do que nunca, viver fora da cidade, é melhor ainda. Fiquei até os seis anos, quando nos mudamos para a cidade de Passo Fundo/RS, onde o meu pai foi trabalhar de barbeiro e também teve uma bodega. Moramos no bairro boqueirão, e ai me lembro de mais um cachorro, o Uruguai, ele era muito inteligente, obedecia aos meus comandos, se pedisse para ele sentar e esperar, ele só se movimentava quando eu mandasse. Quando eu ia ao armazém do meu pai que ficavam umas três quadras da nossa casa, o Uruguai ia junto comigo, ao voltarmos uma quadra antes de chegarmos a casa eu pedia para ele ficar parado, ali ele ficava sentado, só esperando o meu comando, quando eu chegava à frente da casa eu ordenava: Agora pode vir. E ele vinha numa grande velocidade ao meu encontro, com toda alegria, pulava em mim para festejar a brincadeira. Era uma brincadeira que seguidamente nós fazíamos. Foi um grande cão, um grande amigo, Foi muito triste a minha despedida quando resolvemos nos mudar para Porto Alegre, e ele ficou sozinho em Passo Fundo, sem saber por que. Um cão nunca sabe.

NINGUÉM PODE SE QUEIXAR DA FALTA DE UM AMIGO, PODENDO TER UM CÃO.
Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 13/09/2021
Reeditado em 14/09/2021
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