O demônio na cozinha

Enquanto caminhava com o cachorro pelo parque, no crepúsculo, o celular vibrou no bolso da calça de Michael. Ele pegou o aparelho e viu na tela que se tratava de um número desconhecido; atendeu, mesmo assim.

- Alô?

- É o Michael, o Caça-Fantasmas? - Indagou uma voz masculina.

- Eu mesmo.

- Você faz exorcismos?

- Bem... sim. Do que se trata, exatamente? E qual o seu nome?

- Me chamo Bosley; há um demônio na minha cozinha, nesse exato momento. Estou olhando para ele, do alto da escada, no segundo andar.

- O que o demônio está fazendo, Sr. Bosley?

- Por ora... nada. Está parado, no meio da cozinha, olhando para mim com dois olhos imensos e vermelhos. Tem o corpo coberto de escamas escuras e é bastante alto... quase bate com a cabeça pontuda no teto.

Michael parou de andar. O cachorro ergueu a cabeça para ele, intrigado.

- Rodney - murmurou Michael.

- Como? - Indagou Bosley.

- Esse demônio tem um par de chifres longos, saindo das laterais da cabeça?

- Sim - confirmou Bosley.

- Ponha no viva-voz - solicitou.

- Um segundo... pronto.

- Aponte o celular para o demônio.

- Já está.

- Rodney! - Gritou Michael, assustando alguns pombos, que esvoaçaram espavoridos. - O que acha que está fazendo? Volte já para o seu lugar, desgraçado!

Um longo lamento ouviu-se do outro lado. Pouco depois, ouviu-se a voz de Bosley.

- Ele desapareceu... você o conhece?

- Já lidei com o Rodney antes. Ele é assustador, mas quase sempre inofensivo... só precisa ouvir uma voz de comando firme.

E voltando a caminhar:

- Você me deve duas libras, vou mandar meus dados bancários por mensagem de texto.

- Duas libras? - Inquiriu Bosley surpreso.

- Deposite, antes que o Rodney volte - sugeriu Michael.

E encerrou a ligação.

- [27-08-2021]