O chicote
Estando Yinon ben Rama trabalhando em sua oficina, eis que entram na mesma dois guardas do Templo de Jerusalém.
- Procuramos ao homem que chamam Jesus de Nazaré - disse um deles.
- Ele não se se encontra aqui - retrucou o artesão fazendo um gesto para o interior do estabelecimento. - Se não acreditam, olhem por si mesmos.
Os guardas levaram a cabo a sugestão e depois voltaram a ter com Yinon.
- O que está fazendo? - Questionou o primeiro guarda, apontando para as tiras de couro que Yinon estava unindo.
- Um chicote - retrucou o artesão, sem erguer os olhos do trabalho.
Os guardas entreolharam-se.
- Por acaso, é esta a encomenda de Jesus de Nazaré? - Questionou o primeiro guarda.
Yinon encarou o homem, testa franzida.
- Que loucura é essa? Quem lhes disse que Jesus precisa de um chicote?
- Temos nossas fontes - retrucou o guarda, braços cruzados. - E elas nos garantem que esse tal Jesus planeja um atentado contra o Templo.
- Jesus de Nazaré? - Yinon ergueu as sobrancelhas. - A mansidão em pessoa, atacando o Templo? Ficaram loucos?
- Esse Jesus é um perturbador da ordem - replicou o segundo guarda. - Já está na mira do Sinédrio faz um tempo; se continuar a se associar com gente que não presta, vai acabar do mesmo jeito que elas.
- Diga isso a ele, caso apareça por aqui - recomendou o primeiro guarda, antes de saírem.
* * *
- Lamento, rabi - disse Betuel, aprendiz de Yinon. - Meu patrão não vai poder lhe entregar a encomenda; os guardas do Templo desconfiaram do chicote que ele estava terminando.
Cercado por seus discípulos, Jesus olhou em torno, para o pátio da casa onde estavam, e avistou uma pilha de cordas grossas a um canto.
- Não tem problema, Betuel - redarguiu calmamente. - Acho que já sei como vou resolver a questão...
- [13-06-2021]