A casa da Alameda Ponta Porã

Acho que o ano era de 1982,

depois de nos mudarmos muitas e muitas vezes,

Chegamos a nossa casa própria,

Eu e meu irmão achávamos o máximo,

era sem dúvida nossa melhor morada.

Casa grande,quintal enorme,pé de manga,de jabuticaba, de figo

E ainda teríamos uma parreira de uva.

Meu próprio quarto, o quarto do meu irmão, dos meus pais, a sala, a copa a cozinha,

Aqueles janelões de madeira com outra de vidro,área com mureta onde cansei de me sentar

Pra brincar,pular,prosear,cantar, dançar e tambem namorar!

Era a melhor rua do bairro,tinha uma vista privilegiada para Bauru sem limites,a noite era um mar de luzes...como era linda a vista dessa minha casa!

Tínhamos sem dúvida a melhor vizinhança dos lados seu Alexandre e dona Zoraide, do outro o velho Norusca,e no fundo o velho e bom amigo do meu pai o Barão, pai do melhor amigo de meu irmão o Julinho!

Algumas casas a direita morava minha melhor amiguinha , Renatinha e seus irmãos, com os pais, inesquecíveis seu Jorge e dona Maria.

Nossos quintais apesar de cercado de balaustras não tinha limite,nossos quintais eram um só, andavamos por todas as casas como se fossem todas nossas.

Alguns poucos anos depois a família Ponta Porã aumentou, chegava de São Paulo a família Bettio, a gente não sabia ainda da existência deles, mas eram uma parte da nossa família perdida nesse mundão. Quando chegaram nossa alegria ficou completa, nosso velho casarão, sem luxo e rústico mas com cheiro de cera no chão vermelhão e assoalho e cheiro de comida boa passou a ser a casa deles também. Compraram a casa do seu Norusca e o seu Osório vinha todos os dias para reformar,ali moraria minha linda vizinha Lidia,Deva e seu filhos .Junto deles vieram também dona Santina, Edna,Valdir e filhos,nunca imaginei que amaria tanto outra família que não fosse a minha.

Vivi uma infância incrível ali com meus primos e amigos, éramos os donos da rua, passávamos o dia brincando e só entrávamos para comer e dormir.

Cansei de ir no bar da dona Pastora buscar deliciosas bengalas, e apanhei muito, eu e meu irmão pq comíamos todo o miolo no caminho!

Nessa casa recebemos a notícia da morte do meu avô e também recebemos minha vozinha,que passou um tempo morando conosco,a casa era grande e o amor maior .

Vivemos tantas aventuras nessa rua, os joelhos só cicatrizaram na fase adulta.

Nessa rua ,nessa rua tinha um bosque,mas que jamais se chamava solidão, ali só tinha alegria, ali tinha solidariedade, a gente emprestava xícara de arroz,de açúcar, dava pedaço de bolo,de pão, dava uma vasilha cheia de doce e recebia cheia de outra delícia!

Eu era a professora, a xuxa, a lider,a babá a amiga, eu era tudo e era só uma menina feliz!

Na Alameda Ponta Porã eu fiz minhas melhores amizades, eu passei as melhores fases, eu fui criança, fui adolescente,passei pelos 15 anos com os melhores amigos,que tenho até hoje, virei adulta.Saí de lá pronta, saí de lá levando as melhores lembranças de uma vida.

Infelizmente ainda não era ali a nossa última casa,mas valeu cada dia,cada mês, cada ano, cada pessoa que passou por essa casa!

A casa da Ponta Porã vai estar pra sempre dentro do meu coração, não existe mais um só tijolo dela , mas lá se construiu um paraíso, lembra do seu Osório,que é pai do Deva e da Edna? Ele ajudou a fazer dali um espaço de amor para meus eternos vizinhos que amo e são muito felizes ...mas ficou um pedacinho de mim ali...ficou sim!

Nan Luz
Enviado por Nan Luz em 23/05/2021
Reeditado em 24/05/2021
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