Fantasia de Criança
Minha filha caçula devia ter uns 7 anos, quando eu era responsável pela Tesouraria de um Banco. Casualmente, acompanhada pela professora e seus coleguinhas, foi conhecer a agência onde o pai trabalhava. Como eu não estava no setor de atendimento, ela perguntou a um dos colegas: "cadê meu pai?"
E ele levou-a sozinha, desacompanhada da turma, até a Tesouraria, onde eu estava empilhando os milheiros de cédulas, os chamados "tijolinhos", na linguagem bancária. Por coincidência, o carro forte havia acabado de fazer o suprimento. Assim, o volume de dinheiro que ela viu era relativamente grande para o porte da agência, numa época em que quase tudo era pago em espécie ou cheque, pois ainda não contávamos com o cartão de crédito, como hoje.
E o colega achou de "chantagear" o pai da criança, em tom de brincadeira.
_ Todo esse dinheiro é de seu pai. Se ele está lhe negando aquela bicicleta que você pediu, está na hora de você acertar as contas com ele.
_E ela, com aquele ar de surpresa..."tudo isso é seu, painho? Você é tão rico assim?"
_ E haja justificativa para uma criança entender aquela situação. Do mesmo modo que já dizíamos com o Caixa, que era "o pobre que mais pega em dinheiro", assim também o Tesoureiro.
_ Esse dinheiro não é meu. É de todos os clientes da agência, que são milhares. E, somente em casa, mais didaticamente, ela veio entender o que
é "cuidar do dinheiro dos outros."