CONTOS PERIFÉRICOS"O CARIOCA DESEMPREGADO."

Ando a pé em minha vizinhança.

Antigamente,O trajeto era rápido.

De moto ou de carro, quilômetros,viravam centímetros,nos meus melhores dias, milímetros.

Se antes,eu era chamado de doutor.

As vozes,hj,se calaram.

Andando entre os meus sem ser notado.

Penso,que um mosquito teimoso, chamaria mas atenção.

Acho até graça,de um dia para outro.

Aparecer tantas pessoas,para me odiarem.

Que eu sequer,as conhecia.

Chego em casa,o negócio está tão brabo

Que até meu cachorro,me estranha.

Tranquilo (vida que segue.)

Guerreiro bom, é guerreiro em pé.

Abro a porta da cozinha.

Me sento.

Bebo um copo d'água.

Só o silêncio que reina.

Penso na minha família.

Esposa malandra, vendo que a necessidade, tá grande,arrumou briga comigo,e foi embora para casa da mãe.

(Espero que fique lá uma semana, só assim,o dinheiro que fiz no biscate, há de durar.)

Escuto latidos,vou averiguar.

Piso na bosta do meu cachorro.

- ergo as mãos para os céus.

Pois fui criado para acreditar,que se pisar na bosta, é sinal de dinheiro (e não importa de quem ou de que seja.)

...O tempo passa...

Solidão resolve fazer casalzinho com minha tristeza...

Calor tá intenso.

Preciso de uma cervejinha,para refrescar...

Pega nada!

Carioca malandro(esconde dinheiro da esposa.)...

O tempo passa.

Aí vem o desespero.

Dos três lugares que eu escondia meu dinheiro.

Não achei nada.

Celular toca,leio duas mensagens (deboche da esposa)

1-Enquanto, você vai com a farinha,eu volto com o bolo.

2-Farinha pouca,meu pirão primeiro.

Não tem jeito,preciso sair.

Mal coloco o pé para fora de casa,escorrego e caio de bunda,em outra bosta de cachorro (de rua)...

Começo a ri e chorar ao mesmo tempo.

Em total loucura,me indago:

-Se pisar encima da bosta, é sinal de dinheiro,imagina cair de bunda na merda...

- É malandro,ficar desempregado é tenso.

Na Pandemia então.

(Estar trabalhando.)

É ganhar na loteria,ou arriscar a vida,em uma roleta russa.

By Alan Jefferson

Alan Jefferson (Taberna poética)
Enviado por Alan Jefferson (Taberna poética) em 30/04/2021
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