Nossa outra despedida, em outras vidas.

Tinha uma bela casa. Morava lá com minha mãe. Nada sei de outros moradores, nesse tempo. Lembro de um jardim bonito e gem gramado.

Arbustos delimitavam espaços do jardim e a entrada era em arco, com trepadeiras floridas que rodeavam toda a sua curva até o chão. Parecia uma casa de contos de fadas... Um pequeno palácio com flores ou, quem sabe, a ramificação de um enorme castelo.

Foi por causa de política que me mataram. Fui perseguido, assim como minha familia. Quando cheguei no nosso "pequeno palácio" minha mãe já estava morta. Eu a cobri com um lençol... Enrolei, na verdade. Lembro dos pés dela enroladinhos. Lembro de chorar e, de alguma forma, rezar por ela com aquele enrolado. Enrola-la era um ritual.

Saindo de casa, vi que estava cercado. Foi uma invasão. Tinham soldados armados com arco e flecha e machadinhas por todos os lados da casa. Consegui abater um com sua própria machadinha, mas eram muitos. Tentei fugir,mas não deu. Fui morto por vários golpes de vários homens.

Soube que Dona Rosa foi reconhecer o corpo da minha mãe com uma amiga. Ela chorava muito. Do meu corpo nada sei.