O CAUSO DO CAVALO FALANTE

Aconteceu que um cabra desses moradores de cidade grande que raramente saem de perto de casa, que vivem exclusivamente para trabalhar, conseguiu juntar dinheiro e comprou um carrão daqueles grandalhões, tipo rabo de peixe, conversível, e outros badulaques.

Carrão grande, possante, danou-se pelas estradas, acabou o asfalto e ele nem notou.

A estrada foi levando ele pelos campos plantados, depois eucaliptos, depois cercados com vacas, pastos a perder de vista e de repente o carro morreu.

O cabra danou-se a mexer na chave de ignição, o carro fazia nhon, nhon, nhon, nhon, mas nada de pegar.

Ele desceu, abriu o capô e estava espiando aquele mói de fios, parafusos, mangotes sem entender bulhufas daquilo tudo.

De repente ele ouviu uma voz grossa: - é vela suja.

O homem levantou o rosto e procurou no entorno de onde tinha vindo aquela voz, mas não viu ninguém.

Em voz alta, falou consigo – devo estar sonhando, não tem ninguém aqui.

- Como não tem ninguém, rapaz. Sou eu quem está dizendo que o problema do seu carro é vela suja.

O sujeito ficou mais espantado ainda quando viu que a voz vinha de um cavalo tordilho que estava junto à cerca. E saiu na carreira quando o cavalo repetiu.

- Tenho certeza de que é vela suja.

O dono do carro correu sem parar até que entrou numa vendinha dessas de beira de estrada e pediu um copo d’água, pelo amor de deus.

O dono da venda perguntou o que é que tinha acontecido para ele estar desarvorado daquele jeito e, depois que ouviu a história, disse na maior tranquilidade.

- Olhe, o senhor não leve a sério o que aquele cavalo fala, porque ele não entende nada de mecânica de automóvel.