De que terá ele morrido?
Estava eu por ali, tomando um café no velório e alguém me perguntou quem tinha morrido. Eu estava assoprando o café e parei por um instante para responder. Disse a ele que era o Tio Tomás; e ele quis saber a história da morte e, então, dei uma "bicada" no cafezinho e contei pra ele o que tinha acontecido: "Ainda ontem, o Tio Tomás [coitadinho] - bem numa horinha dessa, chegou lá na casa de mainha, irmã dele, e proseou com ela muito tempo sobre muitas coisas - riram juntos de dar gosto - e, como já estava perto do horário do almoço, mainha pediu pra ele pegar uma galinha no cercadinho do quintal pra ela fazer com quiabo e angu. Ele foi pegar a galinha e o terreiro estava muito escorregadio, porque tinha chovido muito na madrugada. Não é caso de rir não - se bem que na hora foi sim - o meu tio pisou em falso com o pé esquerdo, que tendeu pro lado do pé direito e bateu no calcanhar dele, e não deu outra; ele caiu meio de banda bem em cima de uma moita de cansanção novinha, novinha; ele tinha alergia e queimou um pouquinho entre os dedos [encheu daquele carocinho que coça], mas tomou prumo de novo e foi escolher a galinha pra mainha. É como se fosse hoje e eu estivesse vendo agora, ele abriu a portinha e entrou no cercadinho das galinhas; tinho muitas cabeças lá e ele cresceu os olhos numa bem gorda, até lambeu os beiços por causa dela; não foi fácil, mas ele conseguiu pegar a dita cuja e voltou pra cozinha com ela. Antes de continuar a história, dei uma pausa e levei a "xicrinha" na boca pra dar mais uma bicada no cafezinho e o moço, nessa hora, foi saindo e falou assim: "Meu amigo está me chamando ali. Depois você termina de me contar"...
Estava eu por ali, tomando um café no velório e alguém me perguntou quem tinha morrido. Eu estava assoprando o café e parei por um instante para responder. Disse a ele que era o Tio Tomás; e ele quis saber a história da morte e, então, dei uma "bicada" no cafezinho e contei pra ele o que tinha acontecido: "Ainda ontem, o Tio Tomás [coitadinho] - bem numa horinha dessa, chegou lá na casa de mainha, irmã dele, e proseou com ela muito tempo sobre muitas coisas - riram juntos de dar gosto - e, como já estava perto do horário do almoço, mainha pediu pra ele pegar uma galinha no cercadinho do quintal pra ela fazer com quiabo e angu. Ele foi pegar a galinha e o terreiro estava muito escorregadio, porque tinha chovido muito na madrugada. Não é caso de rir não - se bem que na hora foi sim - o meu tio pisou em falso com o pé esquerdo, que tendeu pro lado do pé direito e bateu no calcanhar dele, e não deu outra; ele caiu meio de banda bem em cima de uma moita de cansanção novinha, novinha; ele tinha alergia e queimou um pouquinho entre os dedos [encheu daquele carocinho que coça], mas tomou prumo de novo e foi escolher a galinha pra mainha. É como se fosse hoje e eu estivesse vendo agora, ele abriu a portinha e entrou no cercadinho das galinhas; tinho muitas cabeças lá e ele cresceu os olhos numa bem gorda, até lambeu os beiços por causa dela; não foi fácil, mas ele conseguiu pegar a dita cuja e voltou pra cozinha com ela. Antes de continuar a história, dei uma pausa e levei a "xicrinha" na boca pra dar mais uma bicada no cafezinho e o moço, nessa hora, foi saindo e falou assim: "Meu amigo está me chamando ali. Depois você termina de me contar"...