Nem que venha o Papa!
No interior de Vila Pequena havia uma igreja secular. Os moradores com muita altivez amavam contar sua história: “Na minha cidade tem uma igreja com imagens sacras dos anos oitocentos. Foi toda construída com óleo de baleia e tijolos português.” Esse era o único conto, herança matriz na boca do povo.
Com o tempo surgiram os desconfiados milagres: “Meu filho parou de beber. Salve, Jesus!” “Minha filha se casou. Salve, Santo Antônio! Na verdade, os tais milagres estavam unidos ao pacato dia-a-dia da cidade: - Casa igreja e igreja casa. Com o tempo o povo ficou alienado e até dizia que Moisés perambulava pela cidade e vez ou outra ouvia gritos dos céus. O padre justificava que os gritos eram de Deus, que advertia alguns residentes pervertidos. O padre sempre de olho no rebanho, percebeu a sua multiplicação e que a igreja se tornava pequena para os moradores e forasteiros. Decidiu aumentar o recinto. Para tanto, tinha que arrancar algumas paredes centenárias. Um dos forasteiros ouvindo aquilo, protestou: - O senhor não pode fazer isso com a nossa igreja. Ela é o símbolo maior e único da cidade! O padre respondeu: - O senhor nem aqui nasceu! E com voz imponente emendou: - Não será um forasteiro que me impedirá de fazer essa obra! Nem que seja o Papa! Papa? Pensou o forasteiro. Naquele momento o padre lhe tinha dado uma ideia sem perceber. O forasteiro raciocinou: - Mando uma carta ao Vaticano, com cópia ao padre e vamos ver a sua reação. Pela santíssima Trindade! Não é que a coisa deu certa! O padre ao receber a cópia da carta, proferiu um P.Q.P!
Moral da história: - A igreja centenária de Vila Pequena está incólume até hoje e o padre está aguardando a resposta do Papa! E como dizem...vai esperando sentado, que em pé cansa!