Amor maior
Isabel, a Tibebé, havera de ser a filha mais miúda de vovó Inhana. Na maturidade, ganhou corpo, generosidade, descontração, e desvelo com a contabilidade da irmandade, e com a cozinha, substituindo gradativamente a mãe que já pelejara mais de seis décadas com o fogão, de lenha, bem entendido, sem chegar a compreender, porém maravilhada com aquela magia do fogão a gás...
Enquanto a primogênita Vicentina se ocupava de coisas de menor complexidade, no entorno da casa, e Rita com a passação de roupas e costura, e a caçula Maria com a arrumação da casa, ficando o estouvado Antônio mais solto para as suas incansáveis andanças, Tibebé, com o seu pendor matemático ainda fazia as compras.
Todos eles tinham muitos causos pra contar, mas as mais prolíficas eram Ticintina com a narração infindável de suas vida infantil na Onça de Pitangui, e Tirrita nas estórias ouvidas no rádio, que nos repassava com sua voz compassada, como se estivesse a bordar com a sua retórica...
Assim, uma eventual história ou estória de Tibebé, bem menos frequente, não deixava de ser objeto de redobrada atenção da sobrinhada. Duma feita nos falou sobre uma tia de seu mesmo nome e de seu diminuto marido, o Tio Joaquim...que moravam pelas roças, afastados e quando apareciam, em todos os detalhes eram notados...
E uma cena dessas descrita por Tibebé, guardamo-la todos, pelo inusitado: sua tia Isabel tomava o marido nos braços, sentava-o sobre o fogão - apagado, críamos piamente, e além de lhe pentear os cabelos, calçava-lhe os sapatos, ou botininhas...e aquilo nos bastava, desde que fosse repetido ad nauseam... Não nos atentávamos ainda para inquirir sobre a extensão daquela harmonia conjugal sobre outros móveis da casa...