O que estaria nele escrito?!
Que ventania! E na contramão dos ventos eu seguia, rumo à casa da minha amada. Muitas eram as árvores às margens da via. Folhas e poeira eram levadas de encontro frontal a mim. Os meus olhos ardiam, pois, embora eu estivesse usando óculos, estes não me protegiam eficazmente. De relance, um pedacinho de papel alçou voo em minha frente e foi possível perceber que nele haviam algumas palavras manuscritas. Talvez, fosse um bilhete de amor. O que estaria nele escrito?! Cogitei veementemente. Tentei me apropriar dele, porém, após rodopiar no ar algumas vezes, o bilhete aterrissou furtivamente e adentrou a fenda de um bueiro posto sob o meio-fio da viela. Prostrei-me próximo da abertura do canal de escoamento fluvial, a fim de visualizá-lo, porém, não mais o avistei. Pareceu-me bem profundo aquele fosso. Contive a minha curiosidade e desisti do intento. Por fim, na contramão dos ventos, segui rumo à casa da minha amada.
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OBSERVAÇÃO: Pego-me aqui pensando se esse bilhete não seria um dos rascunhos das TIRINHAS DO POETA CHICO LEGAL em nosso RECANTO DAS LETRAS, que pode ter se desprendido do peso que a mantinha sobre a escrivaninha ou, quem sabe, possa ser a TIRINHA DE PAPEL, que o POETA ORIPÊ MACHADO fez constar em sua REDAÇÃO, também publicada aqui no Recanto. Talvez, ele possa tê-la jogado fora ou pode ter ocorrido de, em algum momento, por ação "de fortes ventos", ela ter caído da sua mochila antes do seu embarque de carona no caminhão, rumo à belíssima cidade de Rondonópolis (MT). Será?!