A GALINHA DO PADRE

Um dia um padre, inesperadamente, hospedou-se numa casa simples e humilde de um povoado do interior nordestino (naquela época no interior do Nordeste costumava-se dizer se arranchou). O senhor dono da casa, preocupado, procurou saber junto à sua mulher, o que tinha para o almoço do padre. A senhora, então, respondeu que além do arroz com feijão e farinha, tinha apenas uma galinha choca no terreiro. Única galinha que ainda restava daquelas que eles criavam naquele lugarejo. O dono da casa, sem saber o que fazer, ordenou que a mulher mandasse os filhos irem pegar a penosa para o almoço daquele dia, pois não ia dar apenas arroz com feijão e farinha para o padre almoçar. E começou a perseguição urgente àquela ave... De repente a galinha adentrou a residência e, desesperada, escondeu-se debaixo da batina do padre, que estava sentado numa cadeira na sala de visita. No momento em que os meninos capturavam a pobre ave choca junto aos pés do padre, o dono da casa, astutamente, exclamou: “É, Seu Padre, a minha mulher é muito cuidadosa! No dia que ela abate uma galinha, põe imediatamente outra no chiqueiro!”. Isso para o padre não perceber e pensar que aquele galináceo que ia ser abatido para o almoço, iria ser preso no chiqueiro em substituição à outra ave inexistente...

P.S. Segundo informações e narrativas orais dos mais velhos, esse fato teria ocorrido há muito tempo numa localidade circunvizinha, ainda na primeira metade do século passado.