Quem Assassinou José?...

Por Nemilson Vieira de Morais (*)

José teria uns 8 a 9 anos, pensa num menino levado, era ele!

O pai não tomava jeito na vida: vivia nos bares da cidade a beber e roubava o que via; não por ofício, mas para manter o vício.

A dona Marina sofria demais com o esposo nessa situação e com o filho: em suas peripécias.

Contava a um, e a outro sobre a bebedisse do marido e as artes do garoto. A má fama do menino espalhava-se por Capitão Andrade; até aborrecer o tio (Por consideração), seu João.

Naquele tempo os tios acompanhavam atentamente o desenvolvimento dos sobrinhos; inclusive com correção a varas, se preciso fosse; com apoio dos pais.

O seu João pediu o menino à sogra para dar-lhe um corregimento, acabar de cria-lo; fazer dele um homem de verdade; afinal a sua família ainda se resumia nuns poucos membros. — Não era tão complicado criar mais um; quem cria um, cria dois. 

Pós a permissão ressaltou:

— Você pegou para cuidar, há de dar conta.

— Pode deixar comigo cuidarei!

O menino soubera da prosa dos dois e fugiu de casa; com um tempo resolveu aparecer na residência do seu João, meio desconfiado; cansado da caminhada. Foi oferecido-lhe um banho, um corte de cabelos,  uma remoção dos piolhos e roupas limpas...

José no novo ambiente, mostrou logo a que veio: roubou cinco mil cruzeiros que o seu João guardava na casa, para as eventuais compras do mês.

As varas de guaxima(duas) cantaram no lombo do moleque sem dó nem piedade; arrancadas por ele mesmo, da planta. Ao desfazer-se a primeira, João ordenou-lhe a pegar outra, até esta esfarelar-se também suas costas.

— José não esperou uma terceira vara quebrar-se da nesma forma das outras e, confessou logo o mal feito.

Dinheiro devolvido, a tranquilidade seguiu o seu curso natural naquele lar, no tocante ao sumiço de alguma coisa.

Sem imposições alguma o garoto passou a tomar a bênção ao seu João até aos 18 anos.

Cresceu tão rápido José, com uma educação de dar gosto! De repente já era um homem feito; vistoso, trabalhador!

Trabalhava numa marmorearia da cidade; já com uma certa estabilidade financeira, casou-se com uma boa moça do lugar e tiveram um lindo garoto.

Ia tudo muito bem com José e a família até que o destino o atraiçoou:

Ao chegar na sua residência, depois de uma exaustiva jornada de trabalho, fora atingido por um tiro fatal de uma arma de fogo!

Sem motivos, aparentes, para justificar-se a razão da brutalidade e pelas muitas especulações sobre o incidente...

Num certo dia o seu João — não lembra, se dormia no momento, ou se estava acordado — ouviu uma nítida voz:

“ Quem matou José foi a língua da sua mãe.”

*Nemilson Vieira 

Acadêmico Literário.

(26:11:20)