Mensagem do Barnabé Varejeira - Os bobões da cidade
Cérjim, meu amigo, amigo do peito, agora eu tô, no Uátesápe, côs meus dedo caloso, enviano mensage pa mia muié e pa mia fia, que tão aqui do meu lado, à mesa, bebeno o café-da-manhã. Pa mia muié eu mandei mensage de amô, e ela gostô; sorriu, inté, a malandrinha, e me mandô um coração bem vermeio; eu vi os sorriso no rosto bonito da mia patroa. Eu vi. A patroa gostô da mensage de amô que mandei pa ela. Aquele sorrisinho, sorrisinho bonito que eu conheço muito bem... E pa mia fia eu mandei mensage de carinho de pai, com dois coraçãozinho.
Mas eu não quero falá, Cérjim, das mensage que mandei pa mia muié e pa mia fia; quero falá do mocorongovírus, um bicho-papão que veio da China, que fica perto de onde Judas perdeu as bota. Ora, quem viu o mocorongovírus!? Ninguém viu. Os ómi das cidade são uns bobão, todos eles. Todos bobão. Lê livros, e acha que são sabido. Vai pas facurdade, e vira cabeçudo. Não usam a massa cinzenta que Deus enfiô nas cabeça deles. Até em Pinamoangaba, a maió metróple deste e de ôtros praneta, os ómi que vive nas facurdade são bobão, querdita em quarqué bestêra. Se as bestêra tá nos livro, eles querdita que é verdade; se os cientista falá bestêra, eles querdita que é coisa séria. Se os cientista diz: "Tatu voa.", Eles querdita. E pru que eles querdita!? Pruque cientista têm diproma uvinersiotário. Os ómi das cidade grande acha que o conhecimento das coisa da vida tá na fôia de papér que traz inscrivido "diproma". Grande porcaria!
E o mocorongovírus, quem viu!? Ninguém viu ele. O mocorongovírus tem pernas!? Ninguém sabe se tem. Ninguém viu ele. Ele tem braços, cabeças, olhos, narizes e pestanas?! Ninguém sabe. E testa ele tem?! E quantas? Ninguém sabe. E pru que tá todo mundo co medo dele? Pruque são bobão. Pruque, dizem, ele mata gente. Ora, mas a vida mata gente; a gente tá vivo pa morrê um dia; e só Deus Nosso Senhor sabe quano. Nóis ómi não é eterno, nem imortal; nóis morre; só Deus é imortal, é eterno, vive desde antes de Ele criá o mundo e viverá até depois de Ele destruí o mundo. Os ómi, não; os ómi morre. E os ómi, e as muié tamém, da cidade tamém morre; não são eterno. Eles percisa entendê isso, e isso é a verdade verdadeira.
E ôtra coisa: Pa se vivê bem tem que se gostá e buscá o ar livre, e o sór, e, tamém, e é o mais importante, tê o gosto de vivê, e tê famia e amigos. E tê espreança de vivê bem. E como os ómi da cidade tão viveno!? Tão viveno!? Não tão, não! Tão trancado nas suas casa, Não toma sór; não toma ar fresco; não se mexe; fica todos parado, assistino tebelisão, todo isolado uns dos ôtro; não se abraça, não se dão aperto de mão. E perdêro a espreança. Querem vivê trancado em casa; e qué que todas as pessoa fique trancada. É pa matá todo mundo, é!? E eu percebi, Cérjim, que os ómi dipromado, que tem diproma pregado na parede, ómi de vida mansa, têm medo do mocorongovírus, bicho que eles nuca viro, e ri da gente da roça pruque a gente querdita em curupira, lobisómi e bicho-papão. É vredade. Nóis querdita mermo, mas nóis enfrenta eles; enchemo os peito de força, de energia de Deus, pegamo os trabuco, e encaramo os bicho. Inté em onça e porco-do-mato eu já disparei uns tiro, e pa matá, mermo. Mas errei os tiro.
E hoje é só Cérjim. Ôtro dia eu mando ôtra mensage po cê. Inté.
E fique com Deus Nosso Senhor.