AH! DELEGADOZINHO MACHO ESSE!
AH DELEGADOZINHO MACHO ESSE!
Autor: Moyses Laredo
Sobre o delegado, o vereador me contou uma das suas histórias. Disse que tinha chegado um rapaz da cidade grande ao interior, para uma das festas típicas da cidade, foi atraído pela fama da festança. De chegada, o rapaz conheceu logo uma cunhatã (menina local), a menina era arrumada que só vendo. O verbo "conhecer" na linguagem do interior, tem o mesmo significado bíblico, quando lá se diz que: no versículo tal, fulano conheceu sicrana, significa mais além do que um simples aperto de mão. Foi isso mesmo que aconteceu com o rapaz da cidade grande, ele de fato conheceu a moça e no dia seguinte se mandou, escafedeu-se de lá. A família dela só notou a desgraceira quando a garota já se estava no quarto mês de bucho, mais ai já era tarde demais, o cara estava longe e ninguém conhecia seu paradeiro. O delegado, com poucas informações na mão se mandou para a cidade onde o moço tinha ido. Saiu em missão secreta. Após uma exaustiva busca, cheia de idas e vindas, algumas tentativas e erros, conseguiu localizar o sujeito. Ele trabalhava com carros numa lojinha bem acanhada de pouco movimento, com um só vendedor, o delegado achou pela descrição da menina, que seria o cabra, começou a perguntar por carros, sempre escolhia o mais caro, até que conseguiu convencê-lo de que o Prefeito de sua cidade, queria comprar uns carros, de mesmo modelo, para a Prefeitura, queria padronizar sua frota e assim escolheu os mais caros, umas três pick-up Ford cabine dupla, mas o Prefeito tinha que ver os carros, pelo menos um deles e não podia se deslocar para a cidade, o único jeito seria levar a picape até lá. O rapaz se animou com a gorda comissão, falou com o proprietário que avaliou a cidadezinha, a distância era pouca, apenas cerca de 100 Km, (o rapaz já conhecia!) foi fácil convencer seu patrão, que concordou, desde que pagassem o óleo até lá, o delegado acertou tudo, adiantado a conta do combustível e voltou com “o cabra servindo de motorista dirigindo o carro pra ele”, esse foi o dito popular que se alastrou na cidade. Ah! delegadozinho macho esse! ...foram os comentários nos quatro cantos da cidade.
Lá chegando, o moço todo inocente, achando que o negócio seria rápido e rasteiro como por lá diziam, nem se deu conta da arapuca que haviam armado para ele. Entrou com o delegado na Prefeitura, seguiram para uma salinha dos fundos, e lá estavam todos os “convidados”, a menina de bucho, o pai com a cara de mau, a mãe bufando e batendo os pés no chão de impaciente, o escrivão do cartório e o padre com a batina de domingo, todos olhando para ele sem dizer nada, de quebra, alguns meganhas arrumadinhos, como em dias de parada, guardando a porta principal. Ele ainda espantado, sem entender o que era aquilo tudo, tentou cumprimentar a todos, de forma dissimulada, mas o delegado foi logo abrindo o jogo apontando para a "buchudinha" ali sentada: - Olhe, seu fi-duma-égua, você se lembra dessa minina? Viu o que você fez com ela, lembra disso? Depois do espanto e se vendo acuado o cabra ainda tentou argumentar num tal de... mais, mais. O que, o delegado atalhou logo dizendo, - Se você disser que ela não era mais moça a coisa vai feder pro teu lado, visse! a menina só tem treze anos e finalizou resumindo da seguinte maneira: - Ou tu casa, ou nós vai cortar agora mesmo, os teus documentos, com um facão cego, ali detrás do hospital. Nem precisa dizer que ele escolheu a primeira opção, ficou logo por lá mesmo, preso na cadeia local, aguardando o dia do casamento. Cheguei até a vê-lo, estava muito triste e acabrunhado, mais parecia com aqueles garrotes, depois que são capados. A estada dele teve que demorar um pouco mais, por conta dos seus documentos que tiveram que mandar buscar na cidade. O casamento foi um acontecimento, os pais dele, aproveitaram e também vieram, foi uma festança. Do nada, tudo aconteceu, ele que queria tirar uns momentos de alegria com a menina, se deu mal. Isso sim que se pode chamar de casamento simples, o noivo a noiva o delegado e o revolver.