A pedra
Conheci o seu Ney, era um cara que tinha um boteco onde tinha uma mesa de sinuca , à noite depois que nós voltava do serviço vindo da Oficina onde nós trabalhava quando nos soltamos do trabalho passávamos no boteco para tomar uns samba e jogar sinuca, Seu Nei dono do boteco era muito gozado, muito arriado e muito maloqueiro, gostava muito de carreira e adorava velório para contar causo e ver os conhecidos, que eram muitos, e fazer média com a freguesia.
A noite quase sempre ele ia para o cabaré, mandava muita folia até a madrugada ,mentia para a esposa dele que estava de reunião na cancha de carreira. Na manhã seguinte, se fazia de doente, começava a tossir e dizia para a esposa dele, dona Tereza, que era uma pessoa muito legal, dizia ele tossindo ,”Teresa me dá um chazinho de cidrô que eu estou muito amolado”.
A coitada da dona Tereza não sabia dessa malandragem do velho e fazia o chazinho para o malandro. Eu era muito amigo dele e dizia “mas que velho safado passa a noite na maloca e depois de manhã se faz de doente para pedir chazinho para Dona Tereza”.
Dona Tereza era uma pessoa muito trabalhadeira e legal, fazia todo serviço da casa , cuidava do velho malandro e ia no mercado comprar as coisas, que não tinham no boteco, então eu morava na rua principal perto do mercado onde a dona Tereza passava quase todos os dias a pé para buscar as mercadorias que faltavam, a casa que eu morava ficava bem na esquina ,a minha casa tinha uma área onde eu tomava chimarrão, no passeio da rua onde as pessoas passavam tinha uma pedra grande enterrada que sobrava uns 4 cm para fora da terra, suficiente para um tropicão.
Coitada da Tereza toda vez que passava ali dava um tropicão na pedra e saia pulando num pé só, geralmente as mulheres quando tropeça numa pedra elas voltam na pedra e dão três batidinhas para dar sorte.
Em seguida o velho Nei morreu, a velha renovou, passava por cima da pedra e nem tropeçava, ela casou de novo com um tal de João, o João deu um infarto e morreu e a Tereza está lá bem viva.