Entre Irmãos.
Entre irmãos.
Quando saberei que a mulher que está ao meu lado deve ser minha esposa?
Simples, quando não desejares vê-la com outro, quiseres acordar ao lado dela todos os dias,
Olhar em seus olhos e querer estar em seu brilho, tocar em suas mãos e sentir o calor invadir o seu corpo e desejá-la sempre.
Assim foi o primeiro papo de um irmão mais velho, quinze anos de diferença na verdade para seu caçula ainda aos quatorzes anos.
Jêu tinha tido muitas namoradas, mas ainda não tinha contado ao irmão como conheceu a esposa Mary, após esta pergunta feita resolveu contar.
Quando eu tinha sua idade já flertava com as coleguinhas da escola, vez ou outra dava uns beijos, mas não passava disto.
Aos dezoito achei que era um super-homem e conheci uma garota de nome Josi que achei que seria minha sempre, ficamos juntos por quase cinco anos, com o tempo percebi que não era ela a mulher que teria em minha vida, acabei a faculdade de Engenharia e ela de Enfermagem, ela foi para um hospital a duzentos quilômetros daqui e simplesmente nunca mais nos vimos, nunca entendi, mas sabia que um dia terminaria.
Depois de alguns meses encontrei Ritinha, amava ela, um doce de mulher, mas era dondoca demais, sempre muito arrumadinha, não me toque não me rele, ah, esses meus cabelos dão um trabalho, e minhas unhas então. Ela era demais, e acho que literalmente logo arranjou outro a altura dela, até conheci, um baita de um riquinho, mas ela estava certa e eu procurando a minha eterna.
Descansei das aventuras por dois meses até que encontrei Laís, esta era sangue de meu sangue, muito batalhadora, decidida e tinha tudo para ser a quem procurava o meu coração, mas como uma boa socióloga entregou-se às pesquisas e estudos mais avançados, foi para a França e lá se estabeleceu, com esta ainda troco mensagens e está muito bem.
Era outubro quando ela partiu, fui ao aeroporto e ali nos despedimos, ia de encontro aos seus sonhos e os realizaria, era forte demais, decidida demais, amar-me não estava em seus planos.
Passei o restante dos dias de 2003 me dedicando aos estudos tinha sido colocado em um cargo de gerenciamento e precisava renovar alguns pontos fracos que tinha.
Jacques ouvia atentamente, não tinha conhecido nenhuma delas é claro, mas já tinha ouvido comentários sobre Laís, e indagou:
- Nenhuma delas quis ficar com você, mas pelo que fala sempre se deu bem com todas.
Jêu: Sim, mas isto independe, se dar bem não tem a ver com ficar sempre.
Jacques: Acho que entendi.
Jêu: Vai entender melhor quando acabar de contar a história.
Jacques: Então vai e prometo que não vou dormir.
Nas festas de final de ano você tinha nascido há pouco tempo, é do dia dezoito de novembro então era um bebe, então fomos para Santa Catarina, eu a mãe, o pai, você bem pequenino e eu que tinha acabado de tirar a carta de motorista fui dirigindo.
Jacques: Já to entendendo, a Mary é de lá, nem passeando você não se aquieta né meu irmão. E deu-lhe um tapinha nas costas.
Jêu: Deixa eu me concentrar, quero te falar dos detalhes, são neles que percebemos o algo mais que lhe falo.
Jacques: Ok segue que agora to bem curioso.
Jêu: Ficamos em um hotel no centro da cidade, não fomos para o campo por tua causa, pois você é alérgico a picadas de inseto, a primeira que levou foi um custo para sarar a feridinha.
Ficaríamos então em lugares mais seguros, Santa Catarina é muito linda, precisamos voltar lá mais vezes, fomos nos primeiros anos visitar as familiares de Mary muitas vezes, agora só duas vezes ao ano, não dá mais para viajar tanto.
Jacques: Gosto de lá, se pudesse íamos morar lá, vai que minha amada está daqueles lados também... e sorriu.
Naquele momento Jêu percebeu que no coração de seu irmão tinha alguém alojado e ele queria saber como distinguir a amada das demais, seria um aprendizado só dele é claro, mas contar minha história o ajudaria a pensar.
O hotel era tão fabuloso que a rua já não tinha tanta graça, mas não podíamos ficar ali só te bajulando.
Saímos para jantar em um restaurante de massas, era dia 23 de dezembro, ele estava todo enfeitado para o natal e para servir as mesas moças e rapazes vestidos a Papai Noel.
Mary estava ali.
Não demorei em olhar para ela. Serviu nossa mesa com tanto encanto que me encantou.
Depois de tê-la em meus olhos parece que tudo mais estava reduzido a nada de importante, não digo a família, mas parecia que o mundo só brilharia através dos olhos dela, sem eles eu não saberia como olhar para mais nada. Foi amor à primeira vista.
Observei-a a ponto de ela perceber, e eu já sem fome nem sede pedia algo só para vê-la se aproximar.
Cochichei no ouvido da mãe que ia ao banheiro e me levantei.
Ela me seguiu com os olhos com um sorriso tão lindo que jamais esqueci ou esquecerei.
Parei no balcão para perguntar sobre música e se poderia pedir uma em especial e ela chegou próxima a mim e me cumprimentou, perguntou se estava gostando e depois foi direta ao assunto: Você gostou de mim né? Vejo em teu olhar.
Quase desfaleci, mudei de cor, estava emocionado. E ela percebeu.
Nem precisava falar mais nada.
Voltei para a mesa e a música que pedi estava tocando.
O pedido veio com um papel e o número de celular de Mary.
A partir daquele momento minha vida mudou, e eu já sabia que ali estava a mulher de meus sonhos, meus pais perceberam é claro, só você dormia.
Pai me deu uma dica que logo abracei.
Jacques: O pai viu mesmo seus olhos brilharem hein!
Jêu: Sim, e eu sabia que dela vinham sentimentos semelhantes aos meus, ela olhava-me como se quisesse entrar em mim. E eu retribuía com a mesma intensidade, passaram-se as horas e fiquei sozinho na mesa, vocês foram para o hotel e eu teria a melhor noite de minha vida.
Noites que se repetem até hoje, sempre inesquecíveis os nossos momentos.
No dia seguinte Mary já foi passar a véspera de natal conosco, olhava-a e era por ela observado a cada gesto, seu sorriso lindo enfeitava a noite que já tinha um significado muito especial, entendi o natal através do olhar dela.
Jacques: Como assim?
Jêu: Há bilhões de pessoas no mundo, cada uma com seu significado, mas há uma única que estará sempre ao seu lado. Há milhões de nascimento todo ano, mas este que festejamos no natal é único e imensurável.
E a semana que vem é Natal novamente e festejaremos incansavelmente o nascimento de Cristo e para mim acrescento a vida partilhada com Mary.
Jacques: por isso te perguntei, vejo que se dão muito bem. Obrigado meu irmão, mas qual foi a dica que o pai lhe deu?
Esta só poderei te contar quando crescer mais um pouco, cada coisa há seu tempo.