ARMADILHA PERFEITA

 

Era uma armadilha daquelas a pegar o pássaro de maneira que ainda que lhe causasse sofrimento, preservava-lhe a vida. Um pássaro voa livre, e livre, voa, voa, voa, diariamente pelos mais diferentes e inóspitos lugares que ainda que perigosos, nunca o houvera sido engodado. Era esperto, sagaz, já havia evitado muitas outras aramadas e laços para o apanhar. Todavia, aquele dia se apresentava diferente! Estava lindo, perfeito para exercer a liberdade. Um dia normal como qualquer outro, sem grandes novidades. Tudo estava absolutamente beml Quando de repente, a normalidade é quebrada de chofre. Algo lhe atraiu como um imã. Nada que ele já não vira antes. Mas, lá estava ela, a armadilha! Essa diferentemente da outras. Era exuberante, imponente; no entanto, não amedrontava, parecia frágil, vulnerável, inofensiva. Essa era a diferença. Atraente como as demais, talvez, até mais! Sua delicadeza, suas curvas, sua perfeição plena. Tudo fora feito para parecer até, de certa forma anódina e até com aparente conforto. Como o aconchego de um ninho?

 

Aquele dia parecia haver uma conspiração cósmica, daquelas teorias conspirativas que vimos nos yutubes da vida. Uma força estranhamente agridoce e altamente atrativa, compelia o pássaro para aquela que no instante erá seu oásis no deserto  Algo, como chocolate e pimenta juntos; onde o doce, sempre se mostra mais apetecível aprazível e dominante. Era isso! Aquela armadilha não era uma armadilha qualquer. Sua forma, seu arcabouço era perfeitos. A mais perfeita cilada capaz de aliciar a mais esperta e sagaz das presas.  Ela fora projetada por uma mente prudentemente treinada a capturas e, capturas, certas e a alvos escolhidos e bem estabelecidos.  Porque mentes do mal, sempre trabalham melhores, do que as mente do bem! Elas, são mais prudentes, assertivas. O próprio Cristo, dissera isso.

 

O pássaro avistou aquela armadilha ao longe. À primeira olhada. E essa, sabemos, é sempre normal. A segunda, não! A segunda, é sempre intencional. Foi o seu primeiro erro! Ele não resistiu apenas olhar e então, aproxima-se, devagar e vai se achegando, achegando, cometendo seu segundo erro.

 

É interessante dizer, que o  pássaro não era um pássaro neófito, indouto! Ele era vivido. Tinha maturidade. Era viajado. Esperto em armadilhas. Conhecedor de perigos. Se relacionava com outros tão espertos quanto ele. Sabia fugir das ciladas impostas pela vida. Era acostumado a desviar-se delas; mas, quando ele viu aquela, ah! Sentiu-se confortável. Havia como que uma aureola de sedução e confiança. Havia uma espécie de simbiose à medida que se aproximava. Pensou! Posso tocá-la, não haverá nenhum problema! Seu terceiro erro. Mais seguro e confiante pensou: posso entrar rapidamente e sair. Quero conhecer preciso conhecer o interior, senti-lo. Seu quarto erro! Nada aconteceu. Após certo tempo, e toda uma constatação, tentou sair. Estava preso. Fora preso sem tomar conhecimento. Agora, o amargor da prisão, do sentimento de impotência. A sensação de burrice cometida.fez-lhe enxergar a realidade, antes, lhe negada aos olhos, pelo desejo da descoberta daquilo que para ele, àquele instante, era novo. Agora, estava a mercê do seu algoz captor! E se entregou a ele!