O PADRE E A DONZELA

   D. Mariquinha ia a missa todos os domingos, não perdia uma, durante a semana assistia a uma ou outra, dependendo da ocasião. A tira colo levava a sobrinha Isaura, uma menina dos seus doze anos, de quem tomava conta com muito esmero e dedicação, já que os pais moravam no interior e não tinham condições de oferecer o que a tia oferecia, além de uma boa alimentação e escola.

   Um certo domingo d. Mariquinha amanheceu adoentada e sem condições físicas para a sua obrigação religiosa, recomendou, então, que a menina fosse sozinha, já que a igreja ficava bem perto e de casa dava para avistá-la. Disse também para que após a missa fosse até o confessionário para se confessar com o padre, coisa que fazia regularmente. Acontece que nesse exato domingo o padre foi substituído provisoriamente por outro e, diga-se de passagem, bem mais moço e bonitão. Depois da missa lá vai Isaura para o confessionário toda apressadinha, pois tinha admirado muito ele durante o ato litúrgico. Posicionou-se a donzela no banquinho e pelos buraquinhos dava para ver a belezura do novo padre. Encantada falou um monte de bobagens e deixou o padre abobalhado. Depois da "confissão" foi convidada por ele para ir até a casa paroquial, ao lado da igreja. A menina foi toda eufórica e lá recebeu uns "abraços" do padre garanhão e até uns beijinhos.

   Chegando em casa a menina Isaura contou alguns detalhes para a tia que ficou abismada, só que ela não contou nada sobre a troca do padre. Prometeu no próximo domingo dar um "rela" no mesmo e tomar satisfação sobre o ocorrido. Dito e feito, d. Mariquinha deu o maior "show" no vigário logo durante a missa, um homem dos seus quase setenta anos. Esclarecidos os fatos d. Mariquinha não teve outra alternativa senão se retratar publicamente diante dos fiéis. Quanto ao "Don Juan" já estava bem longe.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 02/11/2020
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