O alforje de Lampião

Teve também a história do alforje de Lampião: é que Seo Joviniano Matos, tanto comprava, trocava, como vendia produtos, e com uma tropa de animais, ele foi para a Feira do Pau em Fortaleza de São João, povoado que pertence a Cícero Dantas a poucos quilômetros de Banzaê, comercializar seus produtos.

Ele tinha um alforje, artefato de couro, como um duplo saco, fechado em ambas as extremidades e aberto no meio (por onde se dobra), formando duas bolsas iguais para carregar ao ombro, distribuindo, assim, o peso dos dois lados, ou era também usualmente preso a uma sela para transporte de objetos em animais como o cavalo e o asno. Muito usado também para colocar requeijão, carne de jabá seca e carne do sol.

Só que nesse dia, Lampião estava no povoado e tinha um lugar de amarrar os animais e outro de guardar os pertences das pessoas enquanto se faziam compras, um guarda-volumes improvisado, na verdade.

Tanto Lampião como Seo Jovem deixaram os seus alforjes no mesmo lugar. Lampião ao sair, levou o alforje trocado. Deixou o dele cheio de requeijão, e levou o de seu Jovem com carne seca. Quando Lampião deu por fé, ficou muito aborrecido e a notícia se espalhou rapidamente.

“— Roubaram o alforje de Lampião!”

“— Roubaram o alforje de Lampião!”

"— Ele vai voltar pra buscar e quem pegou se prepare, que ele vai capar!!!!”

Todo mundo que tinha um alforje parecido, o escondeu bem escondidinho em suas casas, com medo de se depararem com Lampião por aí, e ele cismar que um desses alforjes fosse o dele.

Mas isso foi só um grande boato, porque Lampião nem se importou com isso e nem voltou pra pegar o seu alforje.

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* Esse texto é uma das várias histórias contadas no livro "A Viagem de Cristal" de Osman Matos, publicado em 2017 pela Amazon.com nos formatos e-book e impresso.