As adivinhações do cego Aristides e de Caboquinho
Outra dupla fantástica, era Caboquinho e Seu Aristides, o ceguinho que fazia desafio de adivinhações. Pra não citar as inúmeras que inventavam, Cecílio se lembrou de duas que conta até hoje!
O cego Aristides perguntou:
— O qué qui come e veste cum a boca duzoto?
— Come e veste cum a boca duzoto? Essa é furada! cumé qui pode?
— Vai dizê, não?
— Num tem como! - Respondeu Caboquinho.
— É dentista! - Deu a resposta, Aristides.
— Dentista?
— Sim, ele “veve” da boca duzoto, daí veste, come... Kkkkkkkkk...
Agora era a vez de Caboquinho:
— Aristide, diga pra mim o que é: mê - Maria, é - Está, rê - Remando, dê - Dizendo, a - Amor?
— Mê - Maria, é - Está, rê - Remando, dê - Dizendo, a - Amor? - Ora, isso num é adivinhação! Cadê a charada disso? Essa é furada! Diga outra!
— Não! Vamo arresouvê essa! - Desafiou Caboquinho - Mê - Maria, é - Está, rê - Remando, dê - Dizendo, a - Amor. O que é?
— Diga logo, home, que’u num vô quebrá minha cabeça cum isso não! Diga! Diga logo!
— MERDA! - Respondeu Caboquinho - Mê, é, rê, dê, a... Merda!
— Mas isso é uma merda mermo! Reclamava Aristides.
Aristides e Caboquinho só eram acirrados nos desafios, mas na hora da necessidade, do aperreio, um ajudava o outro.
Um dia Caboquinho contou a Cecílio que foi partir um coco verde na casa de Seo Aristides e quando bateu o facão, errou o coco e acertou o dedo.
— Quase o dedo tora! Disse.
O sangue começou a escorrer e Aristides imediatamente cortou uma folha de bananeira. A seiva da folha foi espremida em cima do ferimento...
E não é que funcionou? O sangue estancou na hora!
E viva a sabedoria popular!
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* Esse texto é uma das várias histórias contadas no livro "Rio do Braço" (Romance Histórico) de Osman Matos, publicado em 2015 pela Editora Mídia Joáo Pessoa, PB (LANÇADO EM 2016 NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS) e pela Amazon.com nos formatos e-book e impresso, 2017.