Caminho de roça

Lembrou-se de outra traquinagem, desta vez feita em conjunto, uma traquinagem em equipe, coletiva.

Todo caminho de roça, só dá pra passar uma pessoa de cada vez, em fila, porque só não nasce mato ali, onde se pisa todo dia.

Resolveram, uns quinze meninos, fazer cocô num caminho de roça. Escolheram o caminho mais movimentado: o que dava acesso à cacimba natural. Fizeram cocô no mesmo lugar, uma artimanha única, alta e gigante!

Na boquinha da noite, vinham os bêbados, Verdião e Merquinho, que voltavam para a fazenda. Pararam diante da artimanha única, alta e gigante...

— Oxente! Quem butô essa tora de madêra no caminho? – Analisou Merquinho – Chega aqui, Verdião! Vamo tirá, senão a gente num passa!

Quando Merquinho meteu a mão e sentiu o fedor, indignou-se:

—É merda! Merda! É merda!

— Inda bem que tu viu! Quase que nós pisa! – Disse Verdião já com os pés atolados na traquinagem.

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* Esse texto é uma das várias histórias contadas no livro “Rio do Braço” (Romance Histórico) de Osman Matos, publicado em 2015 pela Editora Mídia Joáo Pessoa, PB (LANÇADO EM 2016 NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS) e pela Amazon.com nos formatos e-book e impresso, 2017.