Meu jeguinho Estrela

Teve um dia que Seo Aderaldo comprou um jeguinho novo, lindo! Ele amava demais o jumento e o paparicava!

Havia um burródromo em frente à venda de Seo Osvaldo e de D. Idalice... Um morão de madeira na horizontal como se fosse uma trave de futebol à meia altura. Seo Aderaldo amarrava o Jeguinho lá enquanto fazia a feira. Ele comprava quarenta litros de farinha por semana, meio saco, cerca de trinta quilos, e, juntando com os outros ingredientes, a feira era grande e pesada, pois tinha pra mais de doze filhos!

Ao terminar de comprar tudo, Seo Aderaldo montou no Jeguinho Estrela e pediu a um dos peões que estava na venda para lhe dar os sacos das compras. O Primeiro saco, grande, ocupou o seu colo quase todo. Quando o mesmo peão foi-lhe entregar o segundo saco com os quarenta litros de farinha, pesado, dizendo que ia amarrar o mesmo na garupa do Jegue Estrela, Seo Aderaldo, taxativo, reclamou na hora:

— Não! Me dê o saco pra cá pro meu colo, pois num quero que o meu Estrela pegue um peso desses, não!

E assim, o peão entregou o segundo saco com os quarenta litros de farinha, pesado, a Seo Aderaldo que estava montado no jumento...

— Cumé que pode? - Ria a peãozada!

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* Esse texto é uma das várias histórias contadas no livro "Rio do Braço" (Romance Histórico) de Osman Matos, publicado em 2015 pela Editora Mídia Joáo Pessoa, PB (LANÇADO EM 2016 NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS) e pela Amazon.com nos formatos e-book e impresso, 2017.