A verdade de cabeça pra baixo
Tinha uma mulher muito velha, mas lúcida, que não lembra o nome, e que fumava um cachimbo dos diabos, um atrás do outro, e tinha pra lá de cem anos!
Um dia, seu filho, o Marcelo, que trabalhava na Coelba(*1) ajudando Seu Ivan, subiu num poste roliço de madeira. (Os postes não eram como hoje, pré-moldados e de cimento. Eram feitos de uma única tora de árvore roliça).
Para subir no poste, Marcelo usou umas garras de ferro nas botas. Ele ia subindo com as garras nas mãos e outras nos pés. Ao chegar no topo, descuidou-se, e a garra de ferro das mãos bateu no fio de alto tensão.
Marcelo ficou pendurado de cabeça para baixo, tendo morte imediata na hora!
A mãe, muito idosa, morreu sem saber que o filho havia morrido assim. Disseram que ele foi transferido pela empresa para Una e Canavieiras, (cidades após Ilhéus, mas que era o fim do mundo de longe para a anciã), mas a Coelba(*1) indenizou a família e o dinheiro chegava todo mês por Vale Postal, e ela achava que era o filho que mandava.
______________________________________
*1. Coelba: Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
* Esse texto é uma das várias histórias contadas no livro "Rio do Braço" (Romance Histórico) de Osman Matos, publicado em 2015 pela Editora Mídia Joáo Pessoa, PB (LANÇADO EM 2016 NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS) e pela Amazon.com nos formatos e-book e impresso, 2017.