Concordar para ganhar
Um casal na varanda, observando o dia passar, já cansado de guerra e pandemia, resolveu falar da dinâmica da rua. A mulher, que carrega o estigma da sabedoria, começou:
- Lá vem seu Bigu, um amigo da comunidade, vende leite há anos. O marido, completou:
- Gente boa mesmo, princesa.
E a mulher passou o dia todo nesse observar, e o marido já conhecendo a peça, concordava em gênero, aparência e protuberância. Lá pelas cinco horas da tarde, vem Anita, uma exibida, vadia; toda trabalhada no silicone, botox e ácido hialurônico, rebolando aquela bunda gorda e custeada com as sentadas no colo do marido alheio - verdade que não é chinesa - fruto da mente invejosa de princesa. E, princesa, irritada, disparou:
- Que mulher ridícula! Aqui, na rua, as mulheres são direitas e de família. Meu Deus! Que ridículo, não acha Cissinho?
O marido demorou um pouco para processar o VOLUME, talvez, da informação, respondeu:
- Ô, se é!!!!!!!
E a princesa virou bruxa, o encantamento de meia noite, encurtou as horas.
- Seu tarado!!!!!!! Desgraçado de merda, responde! Alguma coisa está assanhada debaixo da sua cueca.
Num instante, o macarrão ficou mole. Ele desconfiado, mas velho guerreiro, respondeu:
-Amor, só tenho olhos para você. Essa aberração sofreu plastinação. Você está certíssima! Em relação ao meu “cabeça de cuia“, ele é autônomo. Se até os dedos das mãos são irmãos, mas não são iguais, que dirá os membros. E no governo, é a mesma coisa, o presidente não controla nada. Os ministérios não se comunicam, não se alinham.
P. S.: Peguei a expressão “cabeça de cuia”, dos escritos, do amigo RL, Aluízio Amorim.