13 - MELHORANDO A CALIGRAFIA
 
Billy Lupércio Daniel estava retornando das suas primeiras férias escolares e já participava das aulas relativas ao segundo semestre do ano letivo.

Apresentou seus exercícios feitos em sua casa durante as férias, mas pela reação estampada no semblante carrancudo de sua professora, ele percebeu que ela não tinha gostado da qualidade e eficiência dos exercícios que fez; a percepção dele não estava errada, pois ela não gostou mesmo do que viu.

Já nas primeiras aulas do início do segundo semestre letivo, ela persistiu na sua intenção de fazer Billy aprender a escrever palavras, em manuscrito, com mais desenvoltura, mandando que ele fizesse a cópia de textos, separado dos demais alunos de sua classe.

Por não ser destro, até o formato da carteira escolar e a maneira de pegar a caneta tinteiro com a mão esquerda, o incomodavam. As canetas-tinteiro eram daquelas que precisavam ser embebidas no tinteiro todas as vezes que ela fosse ficando sem tinta no depósito, em um volume insuficiente para alimentar a pena de escrever. Billy sofria muito com isso. Escrever com caneta-tinteiro não era o seu forte.

Devido a essa sua dificuldade de manusear a caneta-tinteiro como os demais colegas o procediam, ele já não fazia mais o ditado de palavras; apenas lia e fazia cópias, em manuscrito, numa folha de papel pautado, em separado dos demais. Ele se sentia um peixe fora da água; um cão andando sobre um telhado bem alto, com medo de cair de lá de cima.

Certo dia, ainda no início desse segundo semestre letivo, essa professora ao se cansar da dificuldade que ele tinha em aprender a escrever “bonito” e com desenvoltura, ela partiu para o tudo ou nada.

Deu-lhe uma tarefa para ser feita durante o horário das duas primeiras aulas, que consistia em escrever determinada frase, previamente preparada por ela, numa folha de papel pautado, devidamente demarcada para um total de mais de 100 linhas.

A frase continha, escrita em manuscrito, o seguinte teor descritivo: Minha letra é horrível”. 

Naquele momento, por alguns centésimos de segundos, Billy ficou muito chateado com sua professora, não pelo fato de ela ter lhe determinado copiar aquela frase por mais de 100 linhas e sim por ele ter entendido que ela estaria afirmando que a letra dela era horrível.

Ele contou até dez, levantou-se calmamente e foi até o lugar onde ela estava sentada e disse-lhe:

- Professora, não concordo com o que a senhora escreveu, dizendo que sua letra é horrível, quando na verdade ela é muito bonita. A letra que ainda é horrível, com certeza, é a minha.

Ela fitou nos meus olhos e demonstrando ter perdido sua paciência, disparou:

- Vá sentar-se, seu idiota. Realmente, é a sua letra que é muito horrível e não a minha.

Ele voltou cabisbaixo e fez aquela cópia até o fim, sem levantar a cabeça um segundo sequer para, ao menos, vir se ela estaria olhando para ele.

Outras cópias semelhantes a essa descrita acima, exceto no tocante ao teor descritivo de sua mensagem, foram passadas para ele desenvolvê-las em sala de aula e em forma de deveres para casa.

Billy afirma que prontamente as resolveu, além de muitas outras que fizera por conta própria em sua casa até, finalmente, melhorar sua caligrafia.

Deixando um pouco de sua modéstia de lado, ele faz questão de dizer que, desde aquela época e ainda atualmente, sua caligrafia ficou tão bonita que ainda faz-se um pouco de gosto qualquer pessoa apreciá-la.
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 27/07/2020
Reeditado em 29/09/2020
Código do texto: T7018590
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