12 - ESTUDANDO NUMA ESCOLA PÚBLICA
O garoto Billy Lupércio Daniel tinha acabado de sair de uma escola de reforço particular, onde de uma forma primorosa começou a ler, mas em compensação não chegou a recordar o livro intitulado Cartilha do Povo, como era a praxe de ensino da professora daquela escola para com todos os seus alunos, muito menos ele aprendeu a escrever de maneira sofrível.
Finalmente, era chegado o dia do início de suas aulas na Escola Rural, uma escola pública estadual existente na sua comunidade e, ali, de tanto esperar a chegada desse momento ele já se sentia a última bolacha da embalagem, em meio aos demais alunos principiantes.
Billy achava que já era capaz de ler corrido, sem gaguejar, em que pese o fato de não conseguir escrever seu nome, em manuscrito, como outras crianças já o faziam, mesmo aquelas de idade inferior a dele.
Como já estava bem próximo da chegada dos seus nove anos de idade, ele se sentia felicíssimo, exatamente por já estar cursando o primeiro ano do ensino primário.
A rotina das aulas era permeada por um pouco de leitura, e outro de escrita em forma de ditado de palavras. Nas aulas de leitura de textos ele dava um espetáculo, devido sua boa desenvoltura nesse quesito, mas quando chegava o momento do ditado de palavras, para serem escritas pelos alunos e posteriormente corrigidas pela professora, ele tremia na base.
O seu primeiro bimestre foi de altos e baixos no quesito escrita e com o com o segundo, também. Chegaram as férias escolares do meio de ano letivo e a professora já lhe dera lições de escrita em manuscrito para ele treinar em casa durante esse período. Ele treinou durante todo o tempo que lhe coube fazê-lo, mas seu desempenho não teria ficado dentro do esperado.
Para agravar um pouco mais sua situação, logo nos primeiros dois meses de aula do segundo semestre ele sofreu um acidente enquanto trabalhava com seu pai numa atividade de corte de madeira, ocasião em que teve uma lesão meio grave no tornozelo de seu pé esquerdo.
Como ele não tinha condições de andar e nem tinha quem pudesse carregá-lo diariamente nos trajetos de ida e de volta de sua escola, para que ele não tivesse de repetir o ano letivo por faltas, foi determinado pela delegada escolar municipal que ele recebesse a maioria de suas lições em casa.
Inicialmente, apenas as aulas de Educação Física previstas para seu segundo semestre letivo ficaram prejudicadas, em razão do seu estado de convalescência, mas em contrapartida ele pôde aprimorar um pouco mais sua caligrafia e ainda sobrava tempo para resolver os exercícios que lhe eram entregues em domicílio todo o início de semana.
Outrossim, ficou acertado que tais exercícios seriam recolhidos no início da semana seguinte, ocasião em que seriam deixados novos exercícios para estudo e resolução.
Aos trancos e barrancos, Billy conseguiu ser aprovado no final do ano letivo com a média 8,6 e isso o deixou muito feliz da vida e assaz esperançoso para enfrentar com bravura a segunda série do ensino primário no início do ano letivo seguinte.