09 - FAVORECIDO PELA SORTE?
Todo aluno que ainda não teve a oportunidade de conhecer o modo de tratar de sua futura professora, mesmo que já o tenha sido informado por meio de conversas de ex-alunos, fica ansioso para que chegue esse dia. Geralmente, cada classe fica torcendo para que sua professora seja menos rigorosa na maneira de lidar com seus alunos do que a da classe do outro colega.
Às vezes, por uma ironia do destino ou algo congênere, geralmente reservada para aquele aluno medroso, por excelência, a professora que ministrará as aulas de sua classe é uma pessoa austera e de pouca conversa e esse aluno que projetava a chegada de um ser bem diferente dos demais já passados para lhe dar aulas, se transforma numa pilha de nervos.
Por causa dessa expectativa frustrada, esse aluno acaba tendo de viver todo o ano letivo numa situação aquém daquela que ele aguardava; felizmente, isso não aconteceu com o aluno Billy Lupércio Daniel, no tocante ao primeiro contato que ele teve com aquela professora com quem ele estudou suas primeiras letras.
Devido às precárias condições financeiras de sua família, ele começou a cursar as primeiras letras numa escola particular, cuja sala de aula fora improvisada na varanda de uma casa humilde de sua comunidade, escola essa que era conduzida por uma professora leiga. Ela era uma pessoa centrada, atenciosa e competente que admirava muito o aluno que se esforçava para resolver a contento as questões relativas às suas aulas.
Billy afirma, de um modo bem sincero que, não obstante às eventuais dificuldades que teve no início dos seus estudos, não tem o que reclamar da sorte, que é essa força que determina ou regula tudo quanto ocorre, e que se atribui ao acaso ou a uma suposta predestinação. Faz questão de dizer que, por mais incrível que lhe pudesse parecer, ele fora muito bem tratado por ela e por todos seus colegas desde o instante em que adentrou naquela sala de aula e, por extensão, durante todos os dias letivos do seu curto convívio escolar.
Billy ficou pouco mais de seis meses nessa escola, tempo suficiente para ele terminar de ler a Cartilha do Povo, que era um livro que ensinava as primeiras letras para o aluno principiante, depois de esse aluno ter estudado a cartilha do ABC.
Diferentemente das demais crianças que começavam a estudar as primeiras letras naquela época, que já correspondia à segunda metade do século XX, ele não estudou a cartilha do ABC que, nos moldes educacionais vigentes, equivaleria à primeira etapa da educação infantil.
Por ter uma vontade imensa de aprender a ler e a escrever, por algum tempo antes de ele começar a estudar nessa escola, ele já participava das aulas caseiras que eram ministradas pelo seu pai para com sua irmã mais velha. Semelhante a uma coruja, ele sempre ficava de espreita, observando os movimentos do pai e da irmã dele, à espera do momento em que seu pai fosse ensinar ou verificar as lições que sua irmã tinha aprendido em sala de aula dessa escola particular já citada.
Ali, naquele espaço familiar limitado da sua residência, improvisado para aquela finalidade de ensino doméstico, sempre que lhe era possível, ele tentava escutar e, ao mesmo tempo, procurava olhar e memorizar o formato e a posição da letra que seu pai apontava com o dedo no livro de sua irmã, quando ele fosse ensinar as lições para ela, antes de sua ida diária para a escola.
Billy comportou-se dessa maneira por diversas vezes, quiçá, o suficiente para memorizar o som das letras, seus formatos e as posições que elas se encontravam na cartilha do ABC da sua irmã.
Ele afirma hoje, com muita convicção e orgulho, que eliminou essa primeira etapa escolar de uma maneira bem estratégica, ou seja, fazendo uso de uma curiosidade singular, de uma argúcia ímpar, eivada de uma vontade de aprender acima do normal, evitando, assim, que seu pai gastasse com o pagamento das aulas preliminares e normais naquela escola particular da sua comunidade.
Por não ter estudado a cartilha do ABC e nem ter feito aquela leitura retroativa com o intuito de recordar o livro Cartilha do Povo, uma vez que, tão logo terminou de lê-lo, seu pai entendeu que não seria necessário recordá-lo e por causa disso ele encontrou algumas dificuldades básicas nas etapas seguintes.
Nesse curto período letivo da escola particular, ele aprendeu a ler um pouco, sem a necessidade de ter de soletrar as palavras como o faziam os demais alunos de sua classe, mas não aprendeu, sequer, a “desenhar” as letras do seu nome, em forma de manuscrito, motivado que o fora pela exiguidade de tempo.
Saiu dali, por determinação/orientação do seu pai para ir estudar, no início do ano letivo seguinte, numa escola pública da comunidade onde ele morava, a já conhecida Escola Rural. Aquela mudança de escola, em tempo recorde, causou um alvoroço danado por parte dos seus parentes e de alguns moradores da comunidade, que entendiam tratar-se de uma atitude precipitada por parte do pai dele e, sempre que podiam comentavam nas rodas de amigos:
- Onde já se viu, uma criança que nem terminou de recordar seu livro, a Cartilha do Povo, como sempre o fizeram os demais alunos de sua escola, ser matriculado, de forma repentina, no primeiro ano do ensino primário na Escola Rural?
- Com certeza, ele não irá dar conta do recado nessa nova escola - profetizavam chateados e muito apreensivos.
Às vezes, por uma ironia do destino ou algo congênere, geralmente reservada para aquele aluno medroso, por excelência, a professora que ministrará as aulas de sua classe é uma pessoa austera e de pouca conversa e esse aluno que projetava a chegada de um ser bem diferente dos demais já passados para lhe dar aulas, se transforma numa pilha de nervos.
Por causa dessa expectativa frustrada, esse aluno acaba tendo de viver todo o ano letivo numa situação aquém daquela que ele aguardava; felizmente, isso não aconteceu com o aluno Billy Lupércio Daniel, no tocante ao primeiro contato que ele teve com aquela professora com quem ele estudou suas primeiras letras.
Devido às precárias condições financeiras de sua família, ele começou a cursar as primeiras letras numa escola particular, cuja sala de aula fora improvisada na varanda de uma casa humilde de sua comunidade, escola essa que era conduzida por uma professora leiga. Ela era uma pessoa centrada, atenciosa e competente que admirava muito o aluno que se esforçava para resolver a contento as questões relativas às suas aulas.
Billy afirma, de um modo bem sincero que, não obstante às eventuais dificuldades que teve no início dos seus estudos, não tem o que reclamar da sorte, que é essa força que determina ou regula tudo quanto ocorre, e que se atribui ao acaso ou a uma suposta predestinação. Faz questão de dizer que, por mais incrível que lhe pudesse parecer, ele fora muito bem tratado por ela e por todos seus colegas desde o instante em que adentrou naquela sala de aula e, por extensão, durante todos os dias letivos do seu curto convívio escolar.
Billy ficou pouco mais de seis meses nessa escola, tempo suficiente para ele terminar de ler a Cartilha do Povo, que era um livro que ensinava as primeiras letras para o aluno principiante, depois de esse aluno ter estudado a cartilha do ABC.
Diferentemente das demais crianças que começavam a estudar as primeiras letras naquela época, que já correspondia à segunda metade do século XX, ele não estudou a cartilha do ABC que, nos moldes educacionais vigentes, equivaleria à primeira etapa da educação infantil.
Por ter uma vontade imensa de aprender a ler e a escrever, por algum tempo antes de ele começar a estudar nessa escola, ele já participava das aulas caseiras que eram ministradas pelo seu pai para com sua irmã mais velha. Semelhante a uma coruja, ele sempre ficava de espreita, observando os movimentos do pai e da irmã dele, à espera do momento em que seu pai fosse ensinar ou verificar as lições que sua irmã tinha aprendido em sala de aula dessa escola particular já citada.
Ali, naquele espaço familiar limitado da sua residência, improvisado para aquela finalidade de ensino doméstico, sempre que lhe era possível, ele tentava escutar e, ao mesmo tempo, procurava olhar e memorizar o formato e a posição da letra que seu pai apontava com o dedo no livro de sua irmã, quando ele fosse ensinar as lições para ela, antes de sua ida diária para a escola.
Billy comportou-se dessa maneira por diversas vezes, quiçá, o suficiente para memorizar o som das letras, seus formatos e as posições que elas se encontravam na cartilha do ABC da sua irmã.
Ele afirma hoje, com muita convicção e orgulho, que eliminou essa primeira etapa escolar de uma maneira bem estratégica, ou seja, fazendo uso de uma curiosidade singular, de uma argúcia ímpar, eivada de uma vontade de aprender acima do normal, evitando, assim, que seu pai gastasse com o pagamento das aulas preliminares e normais naquela escola particular da sua comunidade.
Por não ter estudado a cartilha do ABC e nem ter feito aquela leitura retroativa com o intuito de recordar o livro Cartilha do Povo, uma vez que, tão logo terminou de lê-lo, seu pai entendeu que não seria necessário recordá-lo e por causa disso ele encontrou algumas dificuldades básicas nas etapas seguintes.
Nesse curto período letivo da escola particular, ele aprendeu a ler um pouco, sem a necessidade de ter de soletrar as palavras como o faziam os demais alunos de sua classe, mas não aprendeu, sequer, a “desenhar” as letras do seu nome, em forma de manuscrito, motivado que o fora pela exiguidade de tempo.
Saiu dali, por determinação/orientação do seu pai para ir estudar, no início do ano letivo seguinte, numa escola pública da comunidade onde ele morava, a já conhecida Escola Rural. Aquela mudança de escola, em tempo recorde, causou um alvoroço danado por parte dos seus parentes e de alguns moradores da comunidade, que entendiam tratar-se de uma atitude precipitada por parte do pai dele e, sempre que podiam comentavam nas rodas de amigos:
- Onde já se viu, uma criança que nem terminou de recordar seu livro, a Cartilha do Povo, como sempre o fizeram os demais alunos de sua escola, ser matriculado, de forma repentina, no primeiro ano do ensino primário na Escola Rural?
- Com certeza, ele não irá dar conta do recado nessa nova escola - profetizavam chateados e muito apreensivos.