Morra! Mas Só Uma Vez.

Quantas vezes podemos morrer desejando que a morte chegue logo?

Talvez, passamos morrer várias vezes em vida, revivendo o inferno todos os dias e continuando respirando.

Ele morreu duas vezes. A primeira vez, foi num sábado ensolarado num parque, quando avistou Ana abocanhando o colo de outro homem. A cena lhe chocou. Sentiu uma dor forte no peito, não sabia se estava infartando ou se aquela era a dor que se sentia, ao ver a primeira namoradinha, que era tão meiga e doce, fazendo algum tipo de sexo pervertido aos olhos de quem quisesse ver. Sentia que a morte batera a sua porta.

Como Ana foi capaz de tamanha depravação? Quando estavam juntos, ela se limitava a dar um gemidinho ou dois, tão logo alcançasse o êxtase. Mas com aquele homem? Ela era praticamente uma meretriz barata! Uma máquina de sexo e com uma boca enorme!

Ele sempre foi um homem ciumento incorrigível. Seu medo de perder Ana, e as acusações infundadas de flerte, levaram ao fim daquele romance. Ana não podia suportar mais.

Ele bebia o tempo todo e sentia pena de si mesmo. A solidão lhe abraçava todas as noites e o pensamento em Ana lhe atormentava. A tristeza lhe consumia.

Ana ao saber do farrapo humano que ele se tornara, o procurou, não apenas por pena mas por ainda sentir amor por ele. Talvez, a distância, a saudade tivesse lhe devolvido o bom senso.

O rosto dele se iluminou ao ver Ana . Sentir ela em seus braços, o cheiro de seu cabelo era um bálsamo. Se beijaram apaixonadamente por alguns instantes. Ao fim daquele beijo, olhou de novo para Ana e algo dentro dele surgiu. Raiva! Aqueles lábios lamberam outro homem de uma forma vil e pervertida! Aquela mulher não era mais a sua amada e imaculada Ana! Agora não passava de uma safada querendo lhe humilhar! Então ele agarrou seu pescoço e apertou até que a vida fosse sugada dela.

Ana estava morta. Não tinha conseguido sequer se defender, falar de seu amor.

Tempos depois, ele morreria pela segunda vez, ao receber na cadeia,a visita do homem que estava com Ana no parque. Era o irmão dela. Ana apenas chorava no colo, enquanto desabafava sobre o ciúme de seu ex namorado.