O dia em que ele me tirou a esperança
— E agora? — pergunto com a voz rouca.
— Eu não sei. — ele sussurra, quase sem conseguir pronunciar.
Sem dizer uma única palavra, ele se aproxima e me enlaça em um abraço. Consigo ouvir o seu choro silente sobre o meu cabelo. Nunca senti tanta dor como essa. A dor minha misturada com a dele. Ele sabe que vai perder a primogênita dele. Ele sabe disso. Ele está com medo.
Ele me aperta com força. Esse aperto parece algo como uma súplica, como se implorasse para que ficasse, como se dissesse que faria qualquer coisa para que eu pudesse superar isso.
Quero dizer que vai ficar tudo bem. Que vamos superar isso juntos. Que é só uma fase ruim. Mas eu não tenho mais essa esperança. Três minutos atrás eu tinha, quando acreditava que estava em remissão, sem transplante, apenas com o tratamento. Eu pensava que fosse forte o suficiente para conseguir isso.
Uma dor embaraçosa surge no meu peito e espreme cada pedaço do meu estômago. Eu estava melhorando em um dia e… regredindo no outro. De mal a pior.
Olho diretamente para os seus dois glóbulos oculares, vermelhos, inchados, que temem o imprescindível e digo silenciosamente: Pai... eu estou morrendo.