O CARA QUE QUEBROU A TELEIMPRESSORA COM MEDO DE FANTASMA.

As teleimpressoras foram aparelhos de comunicação com vida efêmera. Surgiram por aqui durante a década de setenta, e sobreviveram até o aparecimento do fax, que se não me falha a memória ocorreu por volta de oitenta e oito, oitenta e nove, pelo menos aqui no Ceará.

Pois bem, as teleimpressoras, para os mais novos, eram utilizadas geralmente por grandes empresas que necessitavam passar para outras empresas, ou filiais bastante dados que não poderiam ser informados por telefone e por telegrama – meio de comunicação mais usual da época para este tipo de informação – tornava-se mais difícil. Carta outro meio de comunicação da época levaria muito tempo, e também não se tinha certeza da entrega, a não ser quando registrada, mas para este tipo a demora ainda era maior.

Portanto, um das maneiras de comunicação mais rápido daquele tempo era por intermédio de uma espécie de máquina de escrever acoplada a um aparelho parecido com um aparelho de telex, cujos dados eram transmitidos pela Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicação – estatal doada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso a grandes grupos econômicos, sob alegação de baratear o custo Brasil. Mas este assunto não é o tema deste causo.

O custo das mensagens enviadas por teleimpressora tornava-se caro, quando enviadas durante o dia, pois as tarifas da Embratel eram altas. A solução era remeter durante à noite porque havia redução de tarifa depois de determinado horário. Assim sendo, como as tais teleimpressoras dispunham de dispositivo que permitiam a gravação de dados para transmissão programada em determinado horário, no horário de expediente normal das empresas, os funcionários datilografavam – o termo é este mesmo pois não passava de uma máquina de datilografia mais sofisticada – os dados, programavam a máquina para transmitir os dados em horários pré-estabelecidos com custos mais acessíveis.

No horário previsto, a máquina automaticamente entrava em funcionamento. Determinada empresa aqui do Ceará, do ramo de veículo, quando chegava o fim do mês, nunca época em que a infração era galopante, precisava receber informações da concessionária, assim como passar pedidos e outros dados. Geralmente, muitas informações que levavam hora a fio para serem passadas. Assim sendo, as tais máquinas no fim do mês, à noite, trabalhavam muito. Isso não significa que também não fossem utilizadas durante o dia.

Um empregado da concessionária, que trabalhava no serviço de limpeza, estava bastante acostumado a ver as máquinas trabalhando, mas, geralmente, sempre havia um empregado ou uma empregada operando a máquina durante o dia. Excelente empregado, de poucos conhecimentos, entretanto, principalmente, no que se referia ao funcionamento daquele instrumento.

Certa vez, tal empregado foi instado a substituir um vigia noturno que estava de férias. Como bom empregado. Há anos na empresa, aceitou de bom grado a incumbência e foi tirar as férias do colega.

Passado alguns dias no trabalho noturno, fim de mês, por volta de umas doze horas da noite, horário mais adequado, devido o baixo custo, para o funcionamento de tais máquinas, a da sala da gerência-geral entra sozinha em funcionamento. Desesperado ele olhou para aquela coisa que de repente começara a trabalhar e não entendeu nada, pois como dissera, sempre que ele via a máquina funcionando tinha alguém no comando. Corre de um lado para o outro, atrás de uma explicação, achando se coisa do outro mundo. Como a máquina não parava de trabalhar, sem saber como parar aquilo, puxou do cacete que usava para seu serviço e meteu o pau na máquina. Quebrou todinha. Não deixou um pedaço inteiro e ainda arrancou os fios da tomada.

Depois de tudo feito, o medo aumento, ele correu para a esquina, deixou a empresa sem vigilância e de lá não saiu até chegar o primeiro empregado no dia seguinte. Ainda apavorado contou o sucedido. O sujeito rindo, explicou que a máquina era automática e trabalhava sozinha quando programa, tranqüilizando-o.

Nisso surge outro dilema. Se a máquina era automática e ele tinha quebrado a máquina, fatalmente, seria demitido assim que a direção da empresa tomasse conhecimento do fato. Quando os diretores souberam, deram boas gargalhadas e o fato ainda foi notícia no jornalzinho da empresa. E o empregado perdoado, continuou lá até se aposentar.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

OUTUBRO/2007