Acredita em simpatia?
Acabei de receber uma Simpatia por e-mail! Confesso que nunca fui adepto do gênero, apesar de sempre recebê-las em cartas ou por correio eletrônico. Confesso... No início sequer as lia, temendo embarcar em alguma maré de azar caso não reproduzisse os textos para as demais pessoas – quem diria, eu já tive medo de simpatias! Acho que essa trama controversa está atrelada a um fato ocorrido na infância.
Tudo começou pelo mal que assola esse país: o desemprego. Meu pai trabalhava em uma empresa governamental que estava prestes a se extinguir. Todos os funcionários foram desligados, inclusive meu “veio”. Poucos dias que antecederam esse fato, minha mãe recebeu um papel, colocado por debaixo da porta. Era uma simpatia, amaldiçoava com alguns anos de azar a pessoa, que uma vez a lesse, e não realizasse a devida sequência daquela corrente.
Lembro bem, em um primeiro momento, a “veia” não deu seguimento, achou besteira. Sabe-se lá, por algum tipo de precaução, resolveu guardar o papel. Dias depois, quando foi anunciada a demissão do meu pai, como nada tinha a perder, resolveu tirar as cópias. Lembro muito bem desse fato, já que sobrou para mim a incumbência de sair e distribuir a maldição, quer dizer, o texto de porta – em porta. O problema (ou a solução?) veio logo na manhã seguinte, quando um tão inesperado quanto relevante telefonema, dava conta de um convite por parte da mesma empresa – agora com nova administração -, para meu pai retomar normalmente suas atividades profissionais. Seria apenas coincidência?
Verdade ou não, esse pode até ser um fato isolado, no entanto centrado em um agravante, alimentando um trauma, afinal durante muitos anos debandar desesperadamente dessas correntes, principalmente pela preguiça em distribuir o material. Até me dar conta, apesar de “existirem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”, definitivamente, simpatias não! E por ironia do destino eu me delicio com elas, chego a morrer de rir e não colaboro com absolutamente nenhuma dessas infâmias correntes. Como essa que recebi há pouco:
“Presentinho para você: á meia noite seu amor vai notar que gosta de você, alguma coisa boa vai acontecer entre ás 13hs e 16hs, amanhã, em algum lugar. Se prepare para o maior choque da sua vida, mas se quebrar essa corrente você vai ser amaldiçoado nos próximos dez anos, mande para quinze pessoas em 30 minutos e terá 100% de recompensa”.
Não que queira me fazer de rogado, talvez apenas em um momento de insânia, apenas em algum ciclo da minha mente... Ao menos esse texto, evocando o passado, pode adocicar por meros instantes essa manhã de domingo.