=//= CAUSO curto... E real =//=
Quando eu tinha meus 18, 19 anos trabalhava no escritório de uma pequena empresa.
Na mesma sala trabalhavam mais cinco pessoas, além do chefe e um dos proprietários.
Na mesa ao lado da minha trabalhava uma moça muito bonita por quem eu andava arrastando um trem carregado. Mas e a minha timidez onde eu deixava? E onde minha coragem de chegar na moça?
Uma noite, enquanto curtia minha paixonite aguda na solidão do meu quarto, escrevi uma poesia, que achei linda, para ela.
Mas aí a parte dramática da coisa. Como entregar a poesia para a minha musa?
Bolei um plano. No dia seguinte levei a poesia dobradinha no bolso da camisa.
Aí fiquei enrolando e quando todos saíram da sala para o almoço, eu fui o último a sair. Não sem antes deixar a poesia na mesa dela, de uma maneira bem facilitada de ser encontrada.
Fui o último a sair e o primeiro a voltar. E fiquei lá, na expectativa, até tremendo por dentro.
Não deu outra. A primeira coisa que ela viu e pegou ao sentar-se foi o papel com a minha poesia.
Leu e eu só de canto de olho. Suas reações não me animaram muito.
Aí ela falou para a Rose, uma prima dela que trabalhava na mesa ao lado:
- Credo, Rose! Veja isso aqui. Uma poesia. Que coisa mais idiota. Quem será que deixou essa merda aqui?
-Eu hem! Vai saber! Com essa legião de admiradores que você tem! - disse a Rose.
Aí a minha musa virou-se para o meu lado e:
- Foi você Beto?
- Eu? Claro que não! Vê lá se eu tenho cara de quem faz coisas desse tipo!
Aí veio o golpe fina e fatal.
- Ah! Nem vou perder tempo com isso! A próxima que mande para a mãe dele!
Amassou a folha com minha poesia e foi tudo para o cesto de lixo.
Até fui beber água depois dessa. E rapidinho inventei um trabalho na rua.
= Roberto Coradini {bp} =
30//05//2020