O exílio da peste
A peste trouxe o exílio, e no exílio da peste, o riso foi o primeiro a morrer. O riso morrera do medo, sufocado pela túnica branca que lhe cobria a face. A falta do riso fez morrer aqueles que a peste poupou, e os olhos dos menos mortos passaram a gritar sufocados. Andavam pelas ruas, os menos mortos, em luto com suas túnicas a velar os corpos da peste. Em casa outros, despidos do véu, mas igualmente sem o riso de dizer coisas boas. Também as vozes se foram, pois a boca não mais lhe cuspia, e um silêncio profundo tomou conta de tudo. O silêncio ressoava apenas a angústia da dúvida, também silenciosa. Os menos mortos estavam presos ao vazio da incerteza. A peste nos veio pra calar. Era o exílio da peste.