MORTOS NÃO FALAM

- Alô turma!

Entrou Felipe anunciando: “não se assustem de alguém, pedir uma jujuba azul”!

- O quê é isso? Assustou-se Tony.

- É uma pegadinha? Perguntou Maurício.

- Uma charada. Disse Lucas.

Felipe respondeu:

- É um código.

- Tipo ‘Abre-te Sésamo’? Perguntou Ritinha, lixando as unhas.

Felipe jogou a mochila no chão e disse:

- Os caras agora estão usando códigos. Depois da devassa passaram a usar esse código.

- E como o Dr. Sherlock descobriu? Perguntou Lucas.

- Vocês se lembram do Raskolnikov?

- O cara que comprou o time inglês? Perguntou Ritinha passando esmalte nas unhas.

- Não. Disse Felipe: - O cara que faz denúncia no seu Instagram do Dito e sua trupe.

- O Jornalista!

- Pois é depois que os caras queimaram o arquivo passaram a usar o código. Disse Felipe abrindo a janela.

- Poxa Rita, esse cheiro de esmalte é foda!

- Foi mal, eu sei. Disse Rita. - Desculpem, mas tenho que terminar, comprei hoje essa nova cor e estava ansiosa pra experimentar...

- E o quê esse russo Raskol tem a ver? Perguntou Maurício.

- Ele tem um informante infiltrado. A gangue voltou ao método antigo: comunicação por código.

- Qual o próximo passo deles? Perguntou Lucas.

Felipe disse: - O Aladin tá na área; breve teremos notícias.

Lucas pergunta: - Enquanto isso, faremos o quê?

- Continuamos com a nossa investigação.

- Mas tudo tá esquisito: a turma do Dito tá silenciosa, na moita...

- A mídia também. Nas redes o assunto é a declaração do Aedes sobre as viagens domésticas.

- Nada a ver com a FAB, ‘of course’.

- Pegou mal. O núcleo cômico do governo tá puto com o núcleo maldoso, principalmente com o Aedes por causa de suas falas. As baboseiras do chefe até engolem.

- Tampouco o Dito se manifestou sobre a greve dos petroleiros.

- Já tinha dito não intervir na política das estatais.

- Aquele pessoal tá se fingindo de morto.

- O morto mesmo nem funeral teve, né? Disseram que merecia velório nos salões da Assembleia.

- Um juiz impediu que fosse cremado. Disse Ritinha fechando a janela: - Vai dar bolinhas no esmalte.

- O corpo tá onde?

- Ninguém sabe. Ninguém viu...

- Por isso o código! Sem saber o código o morto não fala...

- Ritinha serve um café a todos e diz: - Fico me perguntando por que ‘jujuba azul’.

- Porque é uma bala ‘soft’, diz Maurício.

- Aquele pessoal prefere outro tipo de balas, né? Fala Felipe.

- E por falar em balas, s’imbora todos pra ouvir a entrevista do delegado baiano sobre o inquérito.

Diz Ritinha: - Eu seguro as pontas aqui. E, por favor, na volta tragam um pacote de balas. Bateu um desejo. Bala de Menta, tá ok?

Felipe pega a mochila e sai atrás dos colegas. - Jujuba não, né Rita?

- Jujuba azul. Eca!

Ritinha faz uma careta e vai à janela:

- O tempo tá mesmo feio.