Garantia adequada, apropriada e suficiente
ERA assim Mestre Heráclito, sempre com seu chapéu de massa, contando suas vantagens, jogando seu baralho, bebendo moderadamente, relatando suas histórias que, se nao eram verdadeiras, pelo menos não ofendiam a ninguém, alegravam a todos que frequentavam a sua ribalta: um suinuca em Arcoverde, sertão de Pernambuco.
Politicamente era neutro. Não tinha partido ou ideologia. Mesmo assim confessava-se admirador das esquerdas porque participara (mentira) da Coluna Prestes (mentira). Na verdade sua participação política se limitava a votar em quem o seu amigo Major Wilson apoiava.
Foi justamente numa dessas campanhas municipais que ele,contra a sua vontade se inclinou pela candidatura do proprietário de uma livraria e tipografia, isso porque esse sujeito era inimigo número do jogo, da bebida e da boemia. Mas o Major pedira seu voto. Já no fim da campanha, o mestre mais liso que os pratos da banda de música, soube que o candidato austero, a pedido dos amigos, estava distribuindo um dinheirinho com os eleitores. Como estava doido para jogar pif-paf resolveu não pedir um dinheirinho, mas, orgulhoso, um empréstimo ao candidato. Para tanto levou debaixo do braço uma garantia adequada, apropriada e suficiente: um velho despertador quebrado, recurso conhecido na praça, A cena da volta dele da tentativa de empréstimo foi hilária, veio quase chorando de raiva, putoda vida, o dono da tipografia botou-o para fora aos gritos chamando-o de viciado e golpista. Ele parou na casa do Major e disse a ele indignado: - Belo candidato-você me recomendou, um galinha verde fascista e inimigo dos prazeres da vida.E pisou noo barro, mas votou no austero, sob protesto, afirmou. Inté.