ALTA CONFIANÇA IND 13 ANOS LIVRE

ALTA CONFIANÇA

- Meu pai, por que gosta tanto de ir naquele açougue?

- Filho, questão de gosto não é para se discutir, mais já que é meu filho, vou te contar, as carnes ali são de puro sangue, mais vistosas entende?

- Acho que não pai. O garoto logo se interte com seus brinquedos jogados no tapete da sala, a mãe mais adiante perdida entre os pontos do seu tricot para a blusa do neto de sua vizinha.

Homero aproveita aquilo para tirar os pés do descanso e sair do sofá, passa a mão pelo cabelo do filho, chega perto da esposa e a beija a face.

Já são quase duas da manhã, num prédio de 2 andares, estilo sobrado, estreito, sendo ladeado por uma auto escola e um salão de beleza.

Ali esta o açougue Confiança com a placa ali a piscar devido a algum problema na fiação.

Um táxi para frente do comércio e deste desce 3 homens, um deles paga ao motorista, o veiculo segue deixando os 3 ali a olhar para os lados.

- Será que vou ter sorte?

- Tens de entrar para saber.

Um deles toca a campainha e logo a portinhola ao lado da grande porta comercial é aberta.

- Bom dia.

- Bom.

- O que vais hoje?

- Acho que contra filé.

- Bom, muito bom.

Logo de cara, aquele homem gordo de mãos ensaboadas em gorduras lhes entrega touca para cabelos e protetor para os pés.

Os 3 fazem ali o uso dos epis e seguem o homem por um corredor dividido por 3 cortinas de folhas plásticas, a cada passagem eles sentem algum tipo de calafrios e o ambiente vai esfriando.

Logo param frente a outra porta, o gordo tecla a senha na fechadura eletrônica, porta aberta ele sinaliza para que os 3 entrem.

- Obrigado.

Novamente o ambiente se transforma, agora a recepção é feita por uma jovem em vestido de veludo vermelho, traz aos ombros um adorno em pele de raposa.

- Boas noites.

- Boas.

- Me acompanhe.

- Sim.

Os 3 ali inebriados com o luxo desta e sua jovialidade passam por 2 salões com várias mesas de carteados e outros jogos.

Mais adiante ela deixa os 3 sob cuidados de 3 jovens de cor pardas, sorrisos graciosos e vestidos leves como que sêda.

- Oi.

Agora cada um segue seu curso desejado.

Antônio olha para sua acompanhante com olhar de desejo, pega champanhe, camarões e o casal segue para um reservado com um sofá e groupier pronto para um carteado.

Marcílio aproveita a pista íntima de dança, com poucos frequentadores ali, ele faz sua garota suspirar aos passos de um bolero.

Reginaldo se joga em uma grande cama de lençol vermelho carmim, ali passa a mão pelo corpo de sua linda, outros casais estão ali, fazendo o que estiverem com vontade de fazer.

A noite segue entre jogos e diversões.

Isolda sai de um quarto ainda arrumando seu penteado que fora estatelado por 3 rapazes de seus 22 anos, a mulher exala luxúria enquanto eles seguem para as mesas de apostas.

Orgulhosa de seu comércio ali, ela mantém sempre seu olhar mais que expert em novos milionários que sempre frequentam o lugar a procura de novas aventuras e um twist de apostas.

Gringa, a jovem alta de fala curta, cabelos longos, olhos tão verdes se aproxima da dona.

- Hoje até que esta bom.

- Sim, vai melhorar.

Inês se junta a elas trazendo a mão sua inseparável taça de champanhe.

- Já bebeu quantas?

- Acho que com esta 8.

- Pouco.

- Me deixe, estou começando.

- Pouco importa, só os façam sonhar.

- Isso é com a gente.

Elas sorriem e cada uma segue para um lado.

Há algumas câmaras abertas onde se visualiza algumas cenas de sessão masoquista, chicotes, fios, gritos bem ensaiados.

Mais ao fundo 3 portões que dão acesso a outros mundos, assim são conhecidos os salões de alto bacanal.

Nestes tudos pode acontecer, sendo que ás vezes, no auge da loucura permitida, crimes são cometidos.

Tudo sendo muito bem encoberto, devido ao fato daquele estágio ser mais frequentado por célebres politicos e artistas famosos.

Por falar em certo, sempre é encenado em algum ponto uma peça, ensaio, filme, até mesmo discutido projetos para cinemas.

Acreditem, algumas das melhores telenovelas foram geradas, embrionadas ali.

Houve em certo tempo, a cogitação de fazer algumas filmagens do local para rodar filmes.

Nunca foram adiante, afinal ali é o útero podre de uma sociedade que precisa de seu ponto de suspiro.

Celulares ali, jamais, cada um que grave tudo que puder em suas mentes.

Aos poucos vai amanhecendo, carros e táxis saem por um armazém há mais de 2 quadras dali, a porta comercial é aberta, aquele homem gordo de sorriso farto anuncia os preços da carne.

09022020.............

paulo fogaça
Enviado por paulo fogaça em 13/02/2020
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